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Encalhe raro de 30 golfinhos desafia especialistas

7 de março de 2012
3 min. de leitura
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(Foto: Reprodução/Youtube)

Explicar o encalhe de 30 golfinhos (Delphinus) em Arraial do Cabo desafia especialistas. O evento, considerado extremamente raro, será investigado por pesquisadores brasileiros e americanos. Entre as causas mais prováveis está a poluição sonora, já que os animais usam um sons para se orientar, como um sonar natural.

Por sorte, um turista registrou a cena, por volta das 8h da última segunda-feira. A aproximação do grupo, encalhe e salvamento de todos os golfinhos durou menos de quatro minutos, conforme publicado no blog “Em cartaz na web”, do GLOBO. A pronta reação de banhistas e dos funcionários da prefeitura encarregados da limpeza da praia chamou a atenção e repercutiu nas redes sociais. Além disso, o vídeo tinha mais de 66 mil visualizações no final da tarde de quarta-feira.

Especialista em fauna marinha, Salvatore Siciliano, pesquisador da Fiocruz, afirma que o encalhe dos golfinhos acende a luz amarela. Ele explica que os animais são muito habilidosos. Normalmente, dois ou três deles encalham por ano, e geralmente isto ocorre quando já estão doentes.

– Até então não tínhamos conhecimento de um fato como este. A imagem, portanto, é extremamente importante e vai desencadear uma série de estudos, além de reforçar a importância de monitorar estas populações – disse Siciliano. – As imagens já chamaram a atenção de pesquisadores de fora do Brasil. Fui procurado por Robert Brownell, que trabalha para o governo americano. Vamos trocar informações sobre o caso.

Duas hipóteses são as mais prováveis para explicar o encalhe coletivo. Os golfinhos poderiam estar fugindo de algum predador ou estavam desorientados por causa do barulho. Outros casos em que golfinhos morreram por causa de poluição sonora já foram registados. Salvatore Siciliano cita um que ocorreu em 2009 na Inglaterra. Exames mostraram que o grupo estava saudável:

– Não podemos descartar a perturbação grave por um efeito sonoro de origem antrópica (feita pelo homem). O Porto do Forno, por exemplo, opera bem ao lado.

Caso os golfinhos morressem, o impacto seria grande. A população desta espécie no Rio de Janeiro é estimada em cerca de 300 indivíduos. Ou seja, a morte de 30 deles representaria 10% do total.

Apesar do salvamento ter sido comemorado, a forma pela qual as pessoas pegaram os animais foi inadequada. Arrastar os golfinhos pela cauda pode causar lesões sérias, até a morte. Na semana que vem, haverá uma reunião, em Recife, para definir um plano de ação para lidar com encalhes. As imagens de Arraial do Cabo devem ser levadas ao encontro.

– As pessoas fizeram tudo errado, mas era o que devia ter sido feito, exatamente como no caso em que o sobrevivente do desabamento do prédio no Centro do Rio usou o elevador – afirma Siciliano. – Primeiro, as pessoas devem comunicar os órgãos responsáveis. Depois, é preciso manter os golfinhos molhados e protegidos do sol, para não desidratarem. Além disso, é importante evitar confusão, barulho, e isolar a área.

O secretário municipal do Ambiente, David Aguiar, elogiou a ação dos moradores, turistas e funcionários da prefeitura.

– O pessoal da limpeza que estava na praia viu o encalhe e resolveu ajudar. Além do mais, parte da população é de pescadores, acostumada a botar a mão em peixes. Eles tiveram que pensar rápido. E deram conta – elogiou Aguiar, que tem outras hipóteses para o encalhe. – Os golfinhos podem ter perseguido um cardume até a beira do mar e ficaram desorientados. Ou, então, o líder do grupo estava doente ou desorientado. Os golfinhos não abandonam uns ao outros, acabou acontecendo aquilo.

Fonte: Yahoo

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