Por Giovanna Chinellato e Raquel Soldera (da Redação)
A indústria farmacêutica indiana Vivo Biotech planeja construir um laboratório multimilionário de testes em animais em Malaca, Malásia. A instituição testará medicamentos pioneiros em primatas, cães e pequenos mamíferos.
Muitas companhias estão aumentando a terceirização de testes em animais para a Ásia em razão de custos menores e menos leis anticrueldade. A Índia tem regulamentos específicos para testes em animais; e crueldade com animais é crime na Malásia, mas não existem leis que protejam animais de laboratório.
A Vivo Biotech planeja importar beagles da Holanda e tenta obter primatas domésticos para os testes. Esse parece ser o conflito com uma lei de 2008 da Malásia, que proíbe exportação de animais para fins de pesquisa científica. Se a Malásia quer parar com testes em animais em seu país, por que permitirá que uma companhia estrangeira use animais para testes em seus territórios?
Companhias farmacêuticas irão alegar que o teste em animais é necessário para o bem da medicina, mas muitos profissionais garantem que testes em animais são bárbaros, incertos e inseguros.
Um porta-voz da Malaysia’s Society for the Prevention of Cruelty to Animals (sociedade da Malásia de prevenção à crueldade contra animais) expôs essas preocupações: “Nossos primatas serão roubados das florestas para virarem cobaias de quê? Testar em animais realmente não leva a lugar nenhum.”
Crueldade em nome de Alá
O chefe do Estado de Malaca, na Malásia, Rustam Ali, justifica a construção de um laboratório para pesquisa com animais vivos, porque, na sua opinião, os animais foram criados por Alá para “servir ao homem”.
“No Islã, Alá criou os animais para serem consumidos e utilizados pelo homem. Se você não usar animais em pesquisas, vai usar os seres humanos? “, disse Ali, um muçulmano, assim como 60% dos malaios.
As autoridades de Malaca indicaram que os protocolos apropriados serão seguidos e que outras agências poderão fiscalizar para que não se cometam maus-tratos contra os animais.
Ali disse que alguns grupos também consideram cruel que se comam animais, mas isso não impede que animais continuem sendo mortos para o consumo humano. No entanto, seus argumentos não convenceram a Sociedade Malásia para a Prevenção da Crueldade aos Animais, que considera que o laboratório irá causar “um imenso sofrimento e a morte” de milhares de animais.
Christine Chin, porta-voz da Sociedade Malásia para a Prevenção da Crueldade aos Animais, criticou que os laboratórios tiram proveito de países como a Malásia, onde não existe legislação para proteger os animais. Chin declarou que as alegações de Ali são impróprias para um governador.
No ano passado, uma farmacêutica francesa propôs a construção de um laboratório de pesquisa com animais no Estado de Johor, no sul da Malásia, mas o projeto foi cancelado após protestos de grupos ambientalistas.
É hora de a população erguer a voz novamente. Uma empresa farmacêutica que terceiriza testes em animais num país com poucas restrições de crueldade não tem interesse no bem-estar nos animais. A crueldade não deve ser terceirizada.
Com informações de ABC.es e Animals Change