Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) publicada em junho apontou que 80% da população mundial quer que seus países fortaleçam os compromissos com as mudanças climáticas. Porém, Selwin Hart, secretário-geral assistente da ONU, apontou que as empresas de combustíveis fósseis estão realizando “uma enorme campanha de desinformação” para que os líderes diminuam a adoção de energia renovável e, também, a velocidade da transição.
“Há essa narrativa predominante – e muito dela está sendo promovida pela indústria de combustíveis fósseis e seus facilitadores – de que a ação climática é muito difícil, é muito cara”, disse ele ao The Guardian. “É absolutamente crítico que os líderes, e todos nós, recuem e expliquem às pessoas o valor da ação climática, mas também as consequências da inação climática.”
Hart acrescentou que o clima parece estar caindo na lista de prioridades. “Precisamos de líderes agora para entregar a ambição máxima. E precisamos da cooperação máxima. Infelizmente, não estamos vendo isso no momento.”
Também observou que “pessoas comuns estão tendo que pagar o preço de uma crise climática enquanto a indústria de combustíveis fósseis continua a colher lucros excessivos e ainda recebe subsídios governamentais massivos”.
Diante disso, salientou que os governos devem tomar cuidado para garantir que suas políticas climáticas não coloquem fardos injustos sobre aqueles com rendas baixas. “Cada país realmente precisará garantir que sua transição seja bem planejada para minimizar o impacto sobre as pessoas e populações vulneráveis, porque muito do chamado pushback ocorre quando há uma percepção de que os custos sobre pessoas pobres e vulneráveis estão sendo sentidos desproporcionalmente.”
É por isso que a ONU está pedindo novos planos nacionais sobre as reduções de emissões exigidas pelo acordo de Paris, nos quais os governos devem definir claramente não apenas suas metas, mas como elas serão alcançadas por meio de políticas e quais são os prováveis impactos.
Segundo Hart, as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) devem ser o mais consultivas possível para que segmentos inteiros da sociedade possam fornecer sua perspectiva sobre como a transição deve ser planejada e bem administrada, e como será financiada.
“Apesar de tudo o que vemos [na forma de condições meteorológicas extremas], ainda não estamos vendo o nível de ambição ou ação de que o mundo necessita desesperadamente”, completou.
Fonte: Um Só Planeta