Por Patricia Tai (da Redação)
Um dos mais controversos pedidos de entrada no mercado de ações da China – que partiu da Guizhentang, empresa que extrai bile de ursos – foi finalmente arquivado.
As empresas fazem lançamentos no mercado de ações para conquistar acionistas e, com isso, aumentar o seu caixa. A Guizhentang tentava há três anos ser listada no mercado de ações, movimento que foi criticado com veemência pelos ativistas defensores de direitos animais e também pelo público chinês.
Conforme publicado anteriormente pela Anda, a empresa anunciou em fevereiro de 2011 que iria levantar fundos através de uma oferta pública (Initial Public Offering – IPO), e com isso aumentaria o número de ursos explorados – de 400 para 1200.
No entanto, a Comissão Reguladora do Mercado da China, que estava analisando o pedido, anunciou que a solicitação da empresa não será atendida. As informações são do Irish Times.
Em fazendas por toda a China, aproximadamente 10 mil ursos – principalmente ursos-lua, mas também ursos malaios e pardos – vivem suas vidas inteiras em jaulas minúsculas chamadas “crush cages”, nas quais mal podem se mover, e são cruelmente explorados para extração de sua bile.
A vesícula biliar do urso é “ordenhada” dolorosamente todos os dias através de cateteres especialmente instalados. A bile dos ursos é usada em 123 tipos diferentes de medicamentos chineses, especialmente para doenças do fígado de humanos.
Vitória dos ativistas
O fato da Guizhentang não ter obtido aprovação para entrar no mercado de ações foi, segundo a reportagem, resultado da ação dos ativistas.
“Esta vitória encorajadora pertence a todos aqueles que vêm dizendo não à crueldade. Eles têm escutado a sua própria consciência e decidiram continuar a campanha e trabalhar pelo fim das fazendas de extração de bile”, disse Toby Zhang, porta-voz do grupo Animals Asia.
Zhang também afirma que a eficácia dos medicamentos produzidos com bile de ursos é questionável e que, ao contrário do que se diz, eles podem até prejudicar quem os consome.
“Nós sabemos que não existe um método humano para extrair a bile dos ursos, e também sabemos que essa substância contida na bile ameaça potencialmente a saúde de seus consumidores”, disse Zhang.
“Os produtos à base de bile de urso são falsamente promovidos pelos produtores, que muitas vezes exageram seu valor, ignorando o bem-estar dos consumidores”, acrescentou.