Uma empresa brasiliense resolveu contrariar os dados que mostram que a moda é segundo setor mais poluente do mundo e, no mês em que celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, a e-commerce Retiqueta resolveu incentivar o conceito “second hand” e o reaproveitamento de peças.
A indústria da moda consome cerca de 93 trilhões de litros de água por ano. Na prática, isso equivale a 37 milhões de piscinas olímpicas. Estes dados assustadores são da Ellen Macarthur Foundation, fundação que se empenha em promover a economia circular no mundo.
Além do enorme gasto de água, segundo outro estudo apresentado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD em inglês) em 2021, a indústria da moda também é responsável pela alta emissão dióxido de carbono (CO2) no meio ambiente e pelo descarte de meio milhão de toneladas de microfibras (o equivalente a três milhões de barris de petróleo) no mar. Com a proximidade do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado último dia 5, esses dados trazem à tona os malefícios das Fast Fashions, em português “moda rápida”, na qual os produtos são fabricados, consumidos e renovados constantemente nas lojas.
Em outras palavras, a indústria da moda contribui para a poluição atmosférica, do solo e dos corpos hídricos, além de ter uma elevada demanda de energia elétrica. Mas o que podemos fazer para amenizar todo esse impacto causado ao meio ambiente e que advém do consumo exacerbado de produtos?
Alicerçada sob os valores da Sustentabilidade, Moda Circular e Responsabilidade Social, a Retiqueta surgiu como uma plataforma virtual de roupas e acessórios seminovos selecionados mediante curadoria especializada, bem como produtos de outlet de empresas parceiras. Ao contrário do Fast Fashion, que promove a produção de produtos em massa, a Retiqueta trabalha em conjunto com seus clientes e parceiros para construção de uma indústria da moda mais sustentável, que estimula a economia circular e estende o ciclo de vida de produtos de luxo.
“Pelo lado do setor têxtil, é necessário pensar em novas tecnologias que afetem menos o meio ambiente, bem como é preciso valorizar o reaproveitamento dos tecidos. Por parte do consumidor, é preciso entender que é necessário repensar o tempo de vida útil de uma peça de roupa. Nesse contexto, investir em peças de roupas de boa qualidade e atemporais é uma alternativa”, explica Gisele Barrozo, CEO da Retiqueta.
Os brechós, que já foram considerados locais de consumo de peças e objetos velhos e fora de moda, hoje são o mais novo local de consumo de moda consciente e cool, sendo, portanto, uma excelente alternativa para o consumidor. Ao consumir uma peça que já existe, diminuímos a cadeia de produção de peças novas e consequentemente novos desgastes do meio ambiente.
Moda sustentável: a economia circular aplicada à indústria têxtil
Contra esse modelo destrutivo popularizado pelo Fast Fashion, emerge um movimento de moda sustentável. A ONU formou a Aliança pela Moda Sustentável na Assembléia das Nações Unidas para o Meio Ambiente de 2019, que ocorreu em Nairóbi, Quênia. É uma iniciativa criada junto com organizações parceiras, que visa contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) “através de uma ação coordenada no setor da moda”.
A moda sustentável sustenta um tipo de oferta onde diferentes realidades coexistem. Por um lado, marcas com critérios sociais, ambientais e econômicos decentes, comércio justo, criadores locais e artesanato tradicional. Por outro, o surgimento de novas alternativas que permitam prolongar a vida útil das roupas e reutilizá-las (seja de segunda mão, empréstimo, aluguel) ou que facilitem a descapitalização dos guarda-roupas (permuta, lugares de troca, auto-costura).
“O próprio nome Retiqueta surge da ideia de re-etiquetar produtos que já existem no mercado. Essa é uma de nossas contribuições com o meio ambiente, colocar para circular o que já existe, o que ainda está em perfeita condição de uso e que muitas vezes está parado no closet porque não serve mais ou fez parte de outro momento da vida da pessoa”, conclui Gisele.
Fonte: Jornal de Brasília