(da Redação)
A sua postura é profissional, e a sua voz é suave. Quem o vê não imagina que Jeff Rowell ganha a vida desenvolvendo instrumentos de tortura para primatas. As informações são do Their Turn.
Entre as suas cruéis produções estão equipamentos para contenção (limitadores de movimentos) e sistemas de “polo e colar”. De acordo com a Primate Products, os limitadores oferecem “livre acessibilidade”, e os polos e colares, que são usados para manipular os primatas, ajudam os macacos a “aprenderem rapidamente a sua função e tornarem-se trabalhadores dispostos, reduzindo a necessidade de usar a força física com o animal ou utilizar contenção anestésica”.
O vídeo a seguir mostra imagens de um pesquisador usando polo e colar para transferir uma fêmea de sua gaiola para o equipamento de contenção:
A Primate Products é uma das muitas empresas envolvidas no escândalo MonkeyGate do condado de Hendry, na Flórida que, apesar dos protestos dos moradores locais, pretende se tornar o ponto concentrador das empresas de reprodução de macacos, que vendem esses animais para serem cobaias em laboratórios de pesquisas.
Em março, um repórter da Wink News informou a Charles Chapman, autoridade do condado, que a Primate Products estava conduzindo “experimentos e testes” em suas instalações para reprodução de macacos, a despeito das leis de zoneamento que proíbem tais atividades. Em resposta, Chapman enviou uma carta à Panther Tracks, empresa controladora da Primate Products, informando-a que estaria realizando uma investigação e pedindo uma explicação.
No dia 15 de abril, Jeff Rowell emitiu uma resposta ao condado alegando que as atividades da Primate Products eram de fato permitidas sob a lei de zoneamento agrícola. O condado ainda não tratou publicamente da resposta da empresa.
Em sua carta, Rowell faz duas outras falsas declarações, ambas não relacionadas a violações de zoneamento. Primeiramente, ele afirma que os macacos da Primate Products foram reproduzidos em cativeiro, embora documentos do Serviço de Vida Selvagem dos EUA comprovarem que a companhia “importou” 630 macacos que foram retirados da natureza. Posteriormente, em um adendo à carta original, Rowell admite que “alguns” dos primatas haviam sido capturados em seu habitat selvagem.
Em segundo lugar, ele afirma que a empresa obedece aos “três princípios orientadores da ética e do uso humano de animais em pesquisas científicas” – substituição, redução e aperfeiçoamento. O sucesso da Primate Products, que vende equipamentos para laboratórios de pesquisas em primatas, depende do aumento do número de animais usados em experimentos. De fato, a Primate Products passa por uma grande expansão nesse momento. Apesar de nem a companhia nem o condado divulgarem informações sobre quantos macacos a mais serão mantidos nas novas instalações, especialistas que analisaram o projeto estimam que o número estará entre 5.000 e 14.000 animais.
Em sua carta ao condado, Rowell também não foi capaz de responder a alegações de um denunciante anônimo que acusou a companhia de designar operações de abortos a técnicos em veterinária, ao invés de médicos veterinários. Segundo a Associação de Medicina Veterinária Americana (AVMA), “técnicos veterinários não podem diagnosticar, prescrever, realizar cirurgias ou envolver-se em qualquer atividade proibidas por uma lei estadual de prática veterinária”.