O restaurante Italia Trattoria, em Washington (EUA), está estimulando uma corrente do bem para arrecadar recursos para ajudar tutores e animais que fugiram da Ucrânia e estão em diversos abrigos no leste europeu. O local realizou um dia de solidariedade na última quarta-feira (16) e convidou tutores e animais para comerem no restaurante. Todo o faturamento foi destinado ao Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW), que comprará suprimentos para encaminhar para sobreviventes ucranianos, além de ajudar abrigos de animais do país, assolado pela guerra.
Um dos clientes do restaurante, Keith Hegg, afirma que adotou um cãozinho na pandemia e não se imagina mais sem o amigo de quatro patas. Ele disse entender o quanto é profundo e especial amar um animal e enfretar todos os riscos possíveis para mantê-lo em segurança. “Seria muito triste, muito triste, pensar em alguma opção que não o inclua [o cachorro]. Eu não poderia imaginar. Por mais doloroso que possa ser alguns dias [fuga e travessia], não consigo imaginar deixá-lo [o cãozinho adotado] para trás”, disse e entrevista ao KXLY.
Solidariedade e coragem
Bombas russas atingiram dois abrigos, um em Gorlovka e outro em Donetsk, ambos no leste da Ucrânia. Não há estatísticas oficiais, mas segundo informações do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW), muitos cães e gatos morreram, as estruturas dos locais sofreram sérios danos e muitos animais, apavorados, fugiram. Voluntários estão se dividindo entre resgatar os animais que correram em direção a zonas de confronto e cuidar dos animais que ficaram feridos com estilhaços.
A IFAW afirma que destinou cerca de £ 114.000 em ajuda de emergência e pede que outras organizações internacionais enviem suprimentos e auxílio. James Sawyer, diretor da entidade, afirma que, infelizmente, não é possível enviar voluntários para ajudar presencialmente, o que, sem dúvidas, seria de grande valia nesse momento. “A coisa mais útil agora é fornecer recursos aos grupos locais. Não podemos colocar botas no chão, é muito perigoso”, disse ao The Mirror.
O abrigo Holivka, localizado em Gorlovka, acolhe aproximadamente 300 animais e foi gravemente afetado. “Os funcionários dos abrigos ainda estão no local e forneceremos recursos para que eles possam continuar cuidando dos cães. As condições são muito difíceis”, disse James, que está em contato direto com a equipe do local. Os voluntários que aceitaram arriscar suas vidas para proteger os animais contam que não há energia elétrica e não podem fazer fogueiras.
O abrigo Pif, em Donetsk, foi o que sofreu mais danos, com dezenas de cães e gatos mortos e muitos animais feridos. O local acolhe 800 animais e está lutado para se manter de pé. A maior preocupação dos voluntários é a falta de suprimentos. Com o dinheiro que receberam, eles conseguiram comprar poucos estoques de fornecedores locais, mas se a guerra se prolongar por muito mais tempo, os animais ficarão sem comida e medicamentos.
James afirma estar surpreso com os ataques russos, que não estão poupando hospitais e abrigos, zonas consideradas neutras. “É bastante incomum vermos abrigos de animais sendo atacados de forma gratuita e covarde. Eles não são particularmente um alvo de guerra”. Apesar das dificuldades, ele esclarece que não deixará de ajudar. “Estamos trabalhando duro globalmente nessa questão. Continuaremos muito comprometidos com os animais”, pontuou.
O clima nos abrigos é de tensão. Voluntários explicam que os cães e gatos mantidos nos locais estão desenvolvendo sinais de intenso sofrimento emocional e muitos estão buscando lugares para se esconder. Eles também sentem a tensão que envolve toda a equipe e estão extremamente introspectivos. ” Queremos muito paz. Estamos extremamente cansados mental e fisicamente”, finalizou uma voluntária.