Em outubro de 2022, a tragédia se abateu sobre o zoológico abandonado na aldeia de Yampil, Donetsk, que estava sob ocupação russa. De acordo com publicações nas redes sociais de um centro de resgate ucraniano, soldados ucranianos entraram no local e se depararam com um cenário de horror: quase todos os 200 animais do zoológico foram mortos. Uma situação que poderia ter sido evitada se tivesse havido um enfoque mais adequado na proteção dos animais.

Entre os poucos sobreviventes estava um urso de 12 anos, que também carregava as cicatrizes do conflito. Este urso, que sofreu uma concussão devido a uma explosão próxima de sua jaula, estava à beira da morte. O Zoológico Five Sisters, na Escócia, anunciou que iria adotá-lo e proporcionar-lhe uma nova chance de vida. No entanto, esta ação, embora louvável em sua essência, levanta questões fundamentais sobre a necessidade de repensar nossa abordagem em relação aos animais resgatados de situações de guerra e conflito.

Em vez de ser levado para um zoológico, o urso de Yampil deveria ter sido encaminhado para um santuário de vida selvagem, onde suas necessidades específicas poderiam ser atendidas de maneira mais adequada. A guerra na Ucrânia trouxe consigo não apenas sofrimento humano, mas também impactos devastadores sobre a vida animal, uma vez que muitos refugiados foram forçados a abandonar seus animais de estimação e os jardins zoológicos tornaram-se impossíveis de serem mantidos.

É fundamental entender que os animais, assim como as pessoas, sofrem traumas e podem desenvolver problemas de saúde a longo prazo devido a experiências traumáticas. O veterinário-chefe do Five Sisters, Romain Pizzi, observou que muitas espécies, incluindo o urso negro asiático, são notavelmente inteligentes e sensíveis. Portanto, a importância de proporcionar um ambiente adequado para a recuperação e bem-estar desses animais não pode ser subestimada.

A decisão de levar o urso para um zoológico, embora feita com boas intenções, deve ser analisada criticamente. O zoológico declarou que será necessário um investimento significativo para criar um novo recinto para o urso, e está buscando doações para esse fim. No entanto, a questão fundamental que permanece é se um zoológico é o ambiente ideal para atender às necessidades específicas do urso após os traumas que ele sofreu.

Em vez de criar novos recintos em zoológicos, deveríamos estar direcionando nossos esforços para o estabelecimento e apoio de santuários de vida selvagem, onde os animais resgatados de conflitos e situações traumáticas possam receber cuidados especializados e viver em ambientes mais adequados às suas necessidades naturais. Essa abordagem seria um passo mais significativo em direção à proteção e ao bem-estar dos animais afetados por conflitos armados, como o urso de Yampil, permitindo-lhes a oportunidade de se recuperar e viver vidas mais próximas do que seriam na natureza, longe de ambientes de exibição pública.