A cachorra Fiametta acaba de tirar a carteira de identidade. Essa bull terrier de seis anos agora leva na coleira uma plaquinha metálica com dois números. Num lado, está seu RG animal-obrigatório desde 2001. No outro, o telefone da Prefeitura de SP.
Em teoria, caso Fiametta fuja de casa, a pessoa que encontrá-la acionará esse telefone, e a prefeitura imediatamente entrará em contato com a tutora da cachorra. Na prática, não será assim. Ninguém atenderá a ligação. O telefone gravado nas placas (6224-5500) está errado. O correto é o 3397-8900.
“O quê?”, indigna-se a empresária Luciana Paolucci, 39, ao saber do problema pelo jornal Folha de S. Paulo. Na segunda-feira passada, ela pagou R$ 5 pela plaquinha de sua bull terrier. “Fui atrás desse RG por temer que a Fiametta se perca.”
O telefone não é mais aquele desde 2008, quando os números fixos da Grande São Paulo com prefixo 6 foram transformados em linhas de celular. Apesar disso, as placas velhas continuam sendo distribuídas.
Segundo o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), órgão municipal responsável pelos temas animais, cerca de 470 mil cachorros e gatos já receberam o RG. A cidade tem 2,4 milhões de cães e 580 mil gatos domiciliados.
Entidades de defesa animal reclamam que a prefeitura nunca mandou aos tutores alguma carta avisando da mudança de telefone. “Muito cão errante na rua não é abandonado. Está perdido”, diz Luiz Scalea, da Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis.
A prefeitura argumenta que as placas velhas não foram recolhidas porque o importante não é o telefone, mas o RG animal. “As pessoas podem ligar para o 156 [telefone da prefeitura de atendimento à população] ou acessar o site da prefeitura”, afirma Ana Claudia Mori, gerente do CCZ.
A prefeitura diz que placas com o telefone correto, que já podem substituir as antigas, já foram adquiridas.
Fonte: Folha Online