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CRISE CLIMÁTICA

Em mais de 250 periódicos, cientistas cobram justiça climática para África

O clima extremo danifica o abastecimento de água e alimentos, aumentando a insegurança alimentar e a desnutrição, que causa 1,7 milhão de mortes por ano no continente

23 de outubro de 2022
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Moradores de Beletweyne, na Somália, atravessam água barrenta de enchente Oxfam East África/Flickr/Hardo

A África sofreu de modo desproporcional os efeitos das mudanças climáticas. Isso gerou preocupação por parte de cientistas e editores de periódicos de todo o mundo, que publicaram um artigo em mais de 250 publicações estimulando líderes mundiais a oferecerem justiça climática ao continente.

O artigo foi registrado de modo simultâneo em 50 revistas africanas e outras várias revistas médicas internacionais como The BMJ , The Lancet, New England Journal of Medicine , The National Medical Journal of India e Medical Journal of Australia.

É a primeira vez que tantos periódicos se reuniram para fazer a mesma reivindicação, o que reflete a gravidade do problema. Os autores pedem que os líderes do planeta ajam antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), marcada para ocorrer de 6 a 18 de novembro no Cairo, capital do Egito.

Os especialistas dizem que a África foi atingida desproporcionalmente, embora tenha feito pouco para causar a crise no clima. Na África Ocidental e Central, por exemplo, inundações severas resultaram em aumento de mortalidade e migração forçada devido à perda de abrigo, terras cultivadas e gado.

O clima extremo danifica o abastecimento de água e alimentos, aumentando a insegurança alimentar e a desnutrição, que causa 1,7 milhão de mortes por ano no continente. As mudanças na ecologia geradas pelas inundações e danos à higiene ambiental também levaram ao aumento de doenças como malária, dengue, ebola e outras enfermidades infecciosas na África Subsaariana.

“Na África, já estamos vendo os efeitos devastadores das mudanças climáticas na saúde das pessoas e a necessidade de fortalecer atenção primária à saúde orientada às comunidades é para agora mais do que nunca”, afirma Bob Mash, editor do African Journal of Primary Health Care and Family Medicine, em comunicado.

Ao todo, estima-se que a crise climática tenha destruído um quinto do produto interno bruto (PIB) das nações mais vulneráveis ​​aos choques climáticos. Atingir a meta de financiamento climático de US$ 100 bilhões por ano é “globalmente crítico se quisermos evitar os riscos sistêmicos de deixar as sociedades em crise”, de acordo com os cientistas.

A África, segundo os autores, está se unindo a “nações de linha de frente” para pedir que países ricos tomem atitudes, já que as crises no continente africano irão eventualmente se espalhar por todo o mundo, podendo ser até lá tarde demais para agir.

Os cientistas consideram injusto que essas nações de “linha de frente” não sejam compensadas pelos impactos de uma crise que não causaram. Isso impulsiona uma desestabilização global, já que certos países investem dinheiro para responder a desastres, mas não podem pagar por maior defesa contra as alterações climáticas ou atenuar o problema por meio de reduções de emissões de gases do efeito estufa.

Os pesquisadores ressaltam que as mudanças climáticas são um produto da inação global e têm um grande custo não apenas para os países africanos, mas para o mundo inteiro. “É hora de a comunidade global reconhecer que a crise climática, embora afete desproporcionalmente o continente, é uma crise global. A ação deve começar agora, e começar onde está doendo mais, na África”, diz Lukoye Atwoli, professor e reitor do Medical College East Africa.

Fonte: Galileu

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