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DESCASO

Em apenas 100 dias, Trump supera retrocessos ambientais de todo seu primeiro mandato

Em ritmo inédito, Donald Trump revoga políticas verdes, favorece indústria fóssil e ameaça proteção de florestas, oceanos e espécies em extinção; especialistas alertam para riscos à saúde pública e à democracia

3 de maio de 2025
3 min. de leitura
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Donald Trump em perfil contraluz. Foto: Kent Nishimura/Getty Images

Em apenas 100 dias de seu segundo mandato, Donald Trump já promoveu mais retrocessos ambientais do que em todo o seu primeiro governo. Desde a posse em 20 de janeiro, foram 145 ações para enfraquecer ou revogar regras que protegiam o ar, a água e o clima — um ritmo superior a uma medida por dia, segundo análise baseada em dados da Universidade de Columbia, da Universidade de Harvard e comunicados oficiais da administração.

As ações atingem quase todos os pilares da política ambiental dos Estados Unidos, desmontando proteções contra a poluição, incentivando o uso de combustíveis fósseis e flexibilizando normas que protegiam áreas naturais e espécies ameaçadas. Mesmo que muitas dessas medidas ainda dependam de processos legais e regulamentações futuras, o impacto já se faz sentir e preocupa especialistas e ambientalistas.

“É um nível de ambição desregulatória sem precedentes. Eles estão fazendo mais rápido e com menos cuidado do que antes, muitas vezes ignorando a lei”, afirmou Michael Burger, especialista em direito ambiental da Universidade de Columbia ao The Guardian. Segundo ele, a estratégia do governo é sufocar a resistência pelo volume e pela velocidade dos ataques.

Entre as ações já tomadas, estão a saída dos EUA do Acordo de Paris, o congelamento de verbas para o combate à crise climática, a liberação de novas áreas do Ártico para exploração de petróleo, o estímulo à mineração submarina no Pacífico e a revisão de normas que limitavam emissões de gases poluentes por carros, caminhões e usinas de energia. Ao mesmo tempo, projetos de energia solar e eólica vêm sendo barrados, enquanto o carvão volta a ser incentivado.

O discurso oficial justifica a ofensiva como um plano para “libertar a energia americana” e acabar com o que Trump chama de “Grande Farsa Verde”. No entanto, especialistas alertam que os EUA já são líderes globais na produção de petróleo e gás e que o incentivo aos combustíveis fósseis agrava o aquecimento global, intensificando desastres como secas, inundações e ondas de calor.

O ritmo acelerado e a natureza agressiva das mudanças regulatórias levantam dúvidas sobre sua legalidade. “Trump quer causar choque e pavor, mas há processos judiciais em andamento em todas as frentes e muitos já estão vencendo”, disse Burger. Para ele, o cenário mais provável é que boa parte dessas ações seja barrada pelos tribunais, embora o risco de uma crise constitucional não possa ser descartado.

Fonte: Um só Planeta

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