A elefantinha Beatrix foi encontrada presa em uma vala completamente sozinha. Ela estava desidratada e sofria um grave risco de morrer de insolação. A pequena elefanta tinha apenas alguns dias de vida e, quando chegou ao santuário, estava apavorada. O elefante Kadiki, considerado o órfão mais velho do local, logo percebeu o que Beatrix sentia e foi ao seu encontro para confortá-la.
Ele usou sua tromba para envolvê-la e mostrar que ela estava em segurança. Kadiki chegou no local em 2019 após ser atacado por um leão quando era apenas um bebê. Ele estava com ferimentos profundos e a equipe da Zimbábue Elephant Nursery (ZEN) sequer sabia que ele sobreviveria. Ele perdeu parte da cauda e também precisou reconstruir a tromba.
Ele levou um longo período para voltar a andar e se alimentar sozinho, mas em sua memória, ele guarda o dia que chegou ao santuário ferido e aterrorizado e por isso foi o primeiro a ir cumprimentar Beatrix. Ele, mais do que ninguém ali, sabe sobre a angústia e o medo sobre o futuro. Kadiki está prosperando e quer compartilhar isso com a filhote.
Roxy Danckwerts, fundadora do santuário, não se surpreendeu com o companheirismo do elefante mais velho. “Eu realmente acredito na cultura do cuidado; humanos e animais inspirando outros a proteger e nutrir e a valorizar a importância da conservação. Espero que as histórias desses elefantes encorajem outros a fazer tudo o que puderem para proteger a vida selvagem”, disse.
Na natureza, elefantes vivem em uma sociedade matriarcal, com figuras de ‘tias’ ajudando a cuidar dos filhotes de uma manada na natureza. Quando Beatrix chegou ao santuário pouco antes do Natal, os tratadores esperavam que outra elefanta mais velha, chamada Moyo, de oito anos, seria a única a cuidar da pequena Beatrix, como ela havia feito com outras.
Mas Kadiki, de dois anos, decidiu “quebrar as regras” e assumiu ele mesmo a figura de mãe da filhote. Eles formaram um vínculo incrível, que se fortalece a cada dia. Um elefante da idade dele pode ser um pouco rebelde, mas com Beatrix, ele é paciente e gentil. Mesmo entre aqueles já acostumados com o comportamento de elefantes, a atitude surpreendeu.
Com o apoio de Kadiki, a pequena fêmea está recuperando a autoconfiança e aprendendo a confiar nos funcionários do santuário. Agora com pouco mais de um mês, Beatrix também está aprendendo sobre os banhos de lama, que são importantes para os elefantes. Como eles têm poucos pelos e glândulas sudoríparas, eles acham difícil se refrescar sob o forte sol africano.
A expectativa é que Beatrix, Kadiki e outros órfãos resgatados que vivem na santuário sejam completamente reabilitados e soltos em uma reserva florestal. “As vidas de animais e humanos estão inextricavelmente ligadas. Estamos muito orgulhosos de estar envolvidos neste projeto vital que permite que os elefantes prosperem, retornem à natureza e tenham espaço para vagar”, disse Roxy.
