Por Julia Troncoso (da Redação)
A condição pavorosa de elefantes morrendo desesperadamente na mão de caçadores que contrabandeiam marfim para países como a China e o Vietnã finalmente convenceu alguns governos ao redor do mundo a agir. Agora nós estamos tomando conhecimento de outra trágica ameaça à vida desses animais: trens de alta velocidade.
Um trem de passageiros estava viajando a 80 km/h na floresta de Chapramari, leste indiano, quando atingiu uma manada de 40 elefantes que cruzavam os trilhos ao anoitecer.
Sete elefantes morreram imediatamente, enquanto outros 10 ficaram seriamente feridos.
De acordo com o que afirma Hiten Burman, ministro da silvicultura da Bengala Ocidental (estado da Índia), essa foi a pior colisão do tipo na história recente. Contudo, pelo menos 50 elefantes foram mortos por trens desde 2004 no estado.
“A manada se dispersou, mas voltou para os trilhos da ferrovia e ficou lá por algum tempo antes de serem conduzidos para longe por guardas florestais e trabalhadores da ferrovia que correram para o local após o acidente’, disse Hiten Burman.
Burman afirma que autoridades ferroviárias têm ignorado pedidos feitos pelo seu departamento para diminuir a velocidade dos trens dentro do corredor de elefantes, no distrito de Jalpaiguri, a cerca de 670 km de Calcutá, capital do estado.
“É uma ironia que elefantes estão sendo mortos por trens em alta velocidade na Bengala do Norte em intervalos regulares, apesar do elefante ter sido declarado como o animal símbolo da índia e o filhote de elefante ser mascote da Ferrovia Indiana”, disse Animesh Basu, ativista da vida selvagem e coordenador da Fundação de Natureza e Aventura do Himalaia.
Elefantes em perigo
Os elefantes são encontrados na África e na Ásia. Em ambos continentes, eles são classificados como animais ameaçados de extinção de acordo com a Lista Vermelha divulgada pela União Internacional pela Conservação da Natureza (UICN).
O Fundo Mundial da Vida Selvagem estima que restam entre 25.600 e 32.750 elefantes asiáticos na natureza, com a maior parte dessa população vivendo na Índia. Estima-se que a subespécie que encontrada mais recentemente, o “elefante pigmeu” da região do Bornéu, tem uma população de 1500 indivíduos ou menos.
O comércio internacional de marfim foi banido em 1989 depois que a população de elefantes africanos caiu de milhões na metade do século 20 para apenas 600 mil no fim dos anos 80.
Enquanto a lei parecia estar funcionando por um tempo, a Convenção de Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas relata que mais de 25 mil elefantes foram caçados em 2012.
Na verdade, a situação é tão horrenda que, de acordo com o Fundo para Vida Selvagem de David Sheldrick, elefantes podem estar extintos em doze anos.
Um elefante morre a cada 15 minutos
Obviamente trens de alta velocidade estão contribuindo para isso, mas o Fundo para Vida Selvagem de David Sheldrick também estima que caçadores matem um elefante a cada 15 minutos.
O aumento da prosperidade chinesa tem sido o culpado por alimentar uma demanda crescente por marfim, solicitado porque é um símbolo tradicional de riqueza e status.
No dia 13 de novembro, em resposta a ampliação do problema, autoridades americanas esmagaram seis toneladas de marfim apreendido, cada pedaço cortado da cabeça de um elefante morto.
Segundo Denver Post, “um esmagador de pedras azul foi carregado com duas toneladas de presas e objetos entalhados, apreendidos em aeroportos e fronteiras nas últimas duas décadas, perto de um armazém localizado no Refugio Nacional de Vida Selvagem de Rocky Mountain Arsenal onde o marfim era mantido, e pulverizou todo o seu carregamento em pequenas lascas”.
“Essa primeira destruição de marfim realizada por autoridades americanas foi planejada como parte de uma campanha maior que inclui um aumento no fundo para combate a caçadas e repressão de consumidores. Em julho, o presidente Obama lançou uma força-tarefa. Diplomatas engajaram governos na China, Vietnã e Tailândia.”
No último dia 14, o Secretário de Estado Americano John Kerry ofereceu uma recompensa de um milhão de dólares por informações que levarem a desmontagem da Rede Xaysavang, uma operação criminal com base em Laos que “facilita a matança de elefantes, rinocerontes, entre outros animais ameaçados, na caçada por produtos como o marfim”.
De acordo com o que afirma o Departamento de Estado Americano, o grupo tem afiliações na África do Sul, Moçambique, Tailândia, Malásia, Vietnã e China, e lucra com as atividades ilegais realizadas pelo próprio grupo e por outros que fundam atividades como o tráfico de armas, de narcóticos e de humanos.
Torres de vigilância para proteção dos elefantes indianos
Quanto aos elefantes na índia, o governo indiano anunciou que tem planos para criar medidas preventivas contra colisão de trens em elefantes. A proposta deles é criar torres de vigilância ao longo dos 160 km de ferrovias conhecidos como “o corredor de elefantes”. Essas torres vão monitorar os movimentos dos elefantes e regular a velocidade dos trens de acordo com esses movimentos.
Enquanto o conhecimento de que as autoridades indianas estão agindo para tomar medidas que protejam seus elefantes é encorajador, nós esperamos que eles implantem medidas de segurança mais rígidas e que eles ajam rapidamente. Você pode ajudar a pressionar o governo indiano a fazer mais para garantir que os elefantes não continuem a morrer devido aos trens de alta velocidade assinando a petição da Care2.
Esperamos que o esforço americano encoraje outros países ao redor do mundo a tomar medidas semelhantes contra o contrabando de marfim e a caça à elefantes.