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ESTRESSE EXTREMO  

Elefantes reagem a anos de exploração e fogem do cativeiro em templo indiano; três pessoas morrem

Espancados, acorrentados e forçados a desfilar sob o sol escaldante, elefantes são explorados em festivais na Índia. Sua revolta é um grito contra anos de tortura e abuso.

14 de fevereiro de 2025
Júlia Zanluchi
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução/Redes Sociais

Três homens morreram no Templo de Koyilandi, em Kerala, na Índia, depois que elefantes aprisionados reagiram contra anos de abusos incessantes. A tragédia, que aconteceu durante um festival religioso, expõe a crueldade sistêmica por trás da exploração de elefantes para entretenimento humano.


Os elefantes, arrancados de seus habitats naturais e “alugados” para festivais, são submetidos a torturas inimagináveis. Eles são espancados, acorrentados com correntes pesadas, privados de alimentação adequada e forçados a se apresentar sob o sol escaldante, tudo em nome do lucro e da tradição. Além disso, as multidões e os fogos de artifício dos festivais também assustam os elefantes, que tentam fugir.

A revolta desses animais, que finalmente reagiram ao sofrimento, não é surpreendente – é uma resposta natural a uma vida de opressão.

Sangita Iyer, fundadora da ONG Voices for Asian Elephants, não poupou críticas ao sistema que perpetua essa violência. “O ciclo vicioso de abuso e morte continua. É muito triste que esses mahouts (tratadores de elefantes) tenham morrido; deve ser muito difícil para suas famílias. Está claro que as pessoas não estão seguras perto de elefantes cativos que são forçados a sofrer abusos inimagináveis no calor! Eles são animais imprevisíveis”, afirmou ela.

A exploração de elefantes em festivais religiosos e eventos culturais na Índia é uma prática infelizmente enraizada, mas que tem sido questionada no últimos anos. Esses animais majestosos, conhecidos por sua inteligência e sensibilidade, são reduzidos a meros objetos de entretenimento, privados de sua liberdade e dignidade. A indústria que lucra com seu sofrimento ignora sistematicamente suas necessidades básicas, tratando-os como máquinas de fazer dinheiro.

Organizações que lutam pelos direitos animais já criaram substitutos para acabar com esse tipo de exploração. A PETA e a própria Voices for Asian Elephants doaram elefantes robóticos para templos indianos, demonstrando como eles podem substituir os reais, acabando com a crueldade contra os animais e os riscos para humanos.

Em um dos desfiles com elefantes robóticos, um vendedor e religioso local afirmou que não conseguia acreditar que aquele era um robô e disse que Ganesha, o deus com cabeça de elefante representado nos festivais, não ficaria feliz com a exploração. “O Senhor Ganesha gostaria que elefantes fossem espancados, separados de suas manadas, obrigados a realizar rituais e ficar em pé o dia todo?”, questionou Aravind, ao Rest of World. “Acho que as pessoas que são contra isso não se importam com o bem-estar animal… E isso também é menos perigoso. Não vai matar ninguém.”

A pergunta que fica é: até quando a sociedade vai fechar os olhos para essa crueldade? Elefantes não são objetos de diversão ou ferramentas religiosas. Eles são seres sencientes, capazes de sentir dor, medo e estresse. Sua revolta é um grito de socorro, um alerta para que a sociedade pare de tratá-los como mercadorias.

“Elefantes pertencem à natureza, não a instituições religiosas ou quintais das pessoas. Sério! Quando vão aprender?”, questiona Sangita. A resposta, infelizmente, parece distante. Enquanto houver lucro e tradição justificando a exploração, esses animais continuarão sofrendo.

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