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Elefantes órfãos sofrem de estresse pós-traumático

11 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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(da Redação)

 

Estudo analisou elefantes da África do Sul para avaliar efeitos negativos da orfandade e do abandono. (Foto: Scientific American)
Estudo analisou elefantes da África do Sul para avaliar efeitos negativos da orfandade e do abandono. (Foto: Scientific American)

A caça e a perda do habitat podem estar colocando elefantes em risco de perder a sua cultura – os comportamentos aprendidos que parecem ser transmitidos de geração em geração -, dizem os pesquisadores. Além do mais, um novo estudo revelou que o trauma da separação e o deslocamento podem ter impactos psicológicos duradouros sobre as criaturas – impactos que se assemelham aos do transtorno de estresse pós-traumático em seres humanos. As informações são da Global Animal.

É verdadeira a expressão “Os elefantes nunca se esquecem” (“Elephants never forget”). Os enormes mamíferos terrestres são conhecidos por sua capacidade de reconhecer indivíduos que não vêem há décadas. Um estudo publicado há alguns anos mostrou que matriarcas de manadas de elefantes na África ainda pareciam se lembrar de fontes distantes de água de sua juventude, o que ajudou a manter os seus grupos vivos durante períodos de seca prolongada.

Elefantes mais velhos representam fontes vivas e profundas de experiência. A vida média de um elefante na natureza é de 60 a 70 anos. Embora a aprendizagem social não tenha sido definitivamente comprovada entre os elefantes, há evidências de que membros mais velhos de famílias passem seu conhecimento para os mais jovens. Mas a estrutura social complexa da espécie pode ser interrompida quando os rebanhos são fragmentados e filhotes ficam órfãos, de acordo com os pesquisadores.

Foto: Wikimedia
Foto: Wikimedia

A perturbação social também pode levar a desvios de comportamento entre os jovens. Os autores do novo estudo citaram como exemplo alguns grupos de elefantes machos que se tornaram órfãos em duas áreas protegidas na África do Sul. Sem elefantes machos mais velhos para mantê-los sob controle, os animais jovens tornaram-se anormalmente agressivos e mataram 107 rinocerontes em um período de 10 anos.

“Nós sabíamos muito pouco sobre como as habilidades de comunicação e cognitivas que estão nas bases das sociedades complexas podem ser afetadas pelo rompimento”, disse a pesquisadora Karen McComb, da Universidade de Sussex do Reino Unido. “Enquanto elefantes na natureza podem parecer estar se recuperando, aparentemente formando grupos muito estáveis, nosso estudo foi capaz de revelar que habilidades de tomada de decisão dos elefantes que impactam em aspectos importantes do comportamento social dos elefantes podem ser seriamente prejudicadas a longo prazo”.

McComb e seus colegas realizaram experimentos com duas populações de elefantes. Um grupo era formado de órfãos introduzidas no Parque Nacional Pilanesberg da África do Sul no início dos anos 1980 e 1990, após uma série de operações de matança de elefantes. O outro grupo consistia em uma população relativamente tranquila do Parque Nacional de Amboseli, no Quênia.

Os pesquisadores imitaram vocalizações de elefante, tanto familiares quanto estranhas, para simular diferentes níveis de ameaça social para os dois grupos de animais e observar suas reações.

Comparado com os elefantes de Pilanesberg, o grupo de Amboseli tomou as melhores decisões na medida em que reconheceram corretamente elefantes estrangeiros como uma ameaça, segundo o estudo. Este rebanho também mostrou que podia distinguir as chamadas de elefantes de diferentes faixas etárias, e foram mais defensivos diante de chamadas de animais mais velhos, que representam os indivíduos mais dominantes. A resposta de classificação apropriada é necessária para manter a paz em hierarquias de elefantes e evitar a violência.

Enquanto a Wildlife Conservation Society estima que cerca de 25.000 elefantes africanos são mortos a cada ano, a nova pesquisa destaca que os sobreviventes da caça e da matança podem estar em risco devido a esses problemas sociais “invisíveis”.

“O aumento dramático da perturbação humana não é apenas uma questão de números de animais mortos, mas pode ter impactos profundos sobre a viabilidade e funcionamento das populações que foram interrompidas em um nível mais profundo”, diz o pesquisador Graeme Shannon, também de Sussex, em um comunicado.

Os resultados dos estudos revelaram que os elefantes – que são uma das espécies mais inteligentes – não só possuem talento e percepção artística, como também demonstram um comportamento muito próximo à cognição humana.

As descobertas detalhadas podem ser encontradas no jornal Frontiers in Zoology, em artigo publicado em 23 de Outubro.

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