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HABITAT

Elefante que se separou de manada é levado para reserva natural na China

Com cerca de 10 anos e pesando 1,8 tonelada, o elefante foi levado para a Reserva Natural Nacional de Xishuangbanna

8 de julho de 2021
Mariana Dandara | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução CCTV

Um elefante que havia se separado da manada que há mais de um ano caminha pela China foi resgatado e levado para uma reserva natural. Acredita-se que o local para onde o animal foi encaminhado é o habitat do grupo que surpreendeu o mundo inteiro ao fazer um enorme trajeto pelo país, passando por cidades e vilarejos chineses.

O macho resgatado havia percorrido parte do percurso ao lado do grupo. Ao todo, mais de 500 quilômetros foram vencidos pelos elefantes asiáticos e toda a viagem foi acompanhada pelas autoridades chinesas por meio do uso de drones.

O trajeto já é considerado um dos mais longos já percorridos pela espécie na China. O início da viagem teria ocorrido no ano passado durante a primavera boreal chinesa – período em que o Brasil vivenciava o outono. Imagens dos animais caminhando pelas ruas e dormindo amontoados uns sob os outros cativaram pessoas em todo o mundo.

Para evitar conflitos entre humanos e animais, milhares de chineses foram evacuados das regiões onde viviam. O governo também recorreu a barreiras com caminhões para desviar o caminho dos elefantes, que também ganharam toneladas de alimentos para consumir.

Há cerca de um mês, o macho recentemente resgatado se separou do grupo. Com cerca de 10 anos e pesando 1,8 tonelada, ele foi levado na última quarta-feira (7) para a Reserva Natural Nacional de Xishuangbanna, na fronteira com o Laos, segundo informações do Departamento de Vida Silvestre da província de Yunnan. Para isso, foi transportado por 530 quilômetros.

Assim que foi reintroduzido ao habitat, o elefante começou a desfrutar da natureza, buscando alimento entre folhagens verdes e tomando banho em um rio. Imagens da televisão estatal CCTV registraram esses momentos.

Jornada de elefantes intriga especialistas

Robustos e gigantescos, os elefantes que viajam pela China intrigam cientistas que tentam explicar o motivo da jornada desses animais. Durante o trajeto, eles deixaram suas marcas em estabelecimentos que tiveram suas portas quebradas acidentalmente e em plantações pisoteadas. Em um momento icônico, o grupo expôs a própria inteligência ao formar uma fila para beber água em um pátio após usar as trombas para abrir uma torneira.

De acordo com o professor assistente de psicologia de elefantes no Hunter College, da City University de Nova York (Estados Unidos), Joshua Plotnik, “a verdade é que ninguém sabe” para onde os animais estão indo, tampouco qual é a razão exata da jornada.

“É quase certo que (a jornada) está relacionada à necessidade de recursos, como comida, água e abrigo. Isso faria sentido, dado o fato de que, na maioria dos locais onde os elefantes asiáticos vivem na natureza, há um aumento da ocupação humana levando à fragmentação do habitat, redução e perda de recursos”, disse Plotnik em entrevista à BBC.

A dinâmica do grupo é também um fator a ser considerado nesta equação. Isso porque, segundo o professor, os elefantes são matriarcais e, por isso, têm como líder a fêmea mais velha e sábia. Já os machos costumam se afastar do grupo após a puberdade e viajar sozinhos ou se unir, por curtos períodos, a outros grupos de machos. E só retornam ao convívio com as fêmeas para acasalar – em seguida, partem novamente.

Entretanto, o comportamento desta manada em específico surpreendeu os cientistas. Isso porque a viagem desses animais começou com 16 ou 17 elefantes, sendo três machos. Durante o percurso, dois machos se separaram, um deles no início do mês de junho.

Ahimsa Campos-Arceiz, professor e pesquisador principal do Jardim Botânico Tropical Xishuangbanna, explicou que não é incomum que isso aconteça, mas que o fato dos machos terem permanecido junto do grupo por tanto tempo lhe causa surpresa. “Isso provavelmente aconteceu por causa do território desconhecido. Quando os vi entrando em uma cidade ou vilarejo, eles estavam se movendo juntos, o que é um sinal de estresse”, explicou.

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