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LIVRE DE EXPLORAÇÃO

Elefante que conquistou a liberdade após 40 anos em cativeiro está aos poucos se adaptando à sua nova casa

Charlie está ganhando peso, aprendendo a procurar alimento na natureza e tratando algumas feridas profundas que possui por viver muito tempo aprisionado

9 de setembro de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Divulgação

O elefante Charlie, que viveu aprisionado no zoológico por 40 anos, foi transferido para a Reserva Privada Shambala, na África do Sul, onde agora pode explorar livremente e começar a buscar alimentos por conta própria. Veterinária diz que ele está apresentando grandes avanços.

Com um programa especial de alimentação e construção de confiança, o elefante africano está sendo preparado passo a passo para sua vida na natureza por uma equipe especializada da organização global de bem-estar animal, Four Paws, junto com seus futuros cuidadores em Shambala.

Charlie está se adaptando rapidamente às suas novas liberdades após ter sido resgatado de um histórico de abuso para entretenimento humano em um circo e no zoológico. “Charlie é um elefante muito especial. Ele aprende rápido e se adapta muito bem ao seu novo ambiente”, disse a veterinária da Four Paws, Dra. Marina Ivanova, ao IOL.

“Charlie já criou um forte laço de confiança com seus novos cuidadores. A cada dia, ele começa a se comportar mais como um elefante selvagem”, acrescentou ela.

Ivanova destacou que era simplesmente lindo vê-lo começando a se comunicar com outros elefantes da reserva à distância. “Na semana passada, ele trombeteou pela primeira vez e usou sua tromba para jogar água sobre a cabeça. Esta semana, ele aproveitou seu primeiro banho de lama desde que esteve em cativeiro por mais de quatro décadas. É com grande alegria que estamos observando como ele está se adaptando tão bem”, contou a veterinária.

Seu novo recinto possui uma piscina e um banho de lama, que são importantes para o cuidado da pele dos elefantes. O novo espaço serve como um passo importante para sua futura soltura na reserva de 12 mil hectares, onde ele poderá escolher entre se juntar a um dos dois grupos de elefantes ou viver sozinho.

Ivanova disse que ainda há muito a ser feito para preparar Charlie. Ele está sendo ensinado a voltar ao seu espaço seguro no recinto, o que é importante, por exemplo, para futuros exames veterinários. “Na natureza, elefantes caminham até 150 quilômetros por dia. Estamos ajudando Charlie a desenvolver lentamente os músculos necessários para sua grande soltura em toda a reserva”, explicou.

Além disso, Charlie está ganhando peso e aprendendo a procurar alimento na natureza. “Ele está em uma dieta especial para ganhar peso e se preparar para a vida selvagem. Estamos ensinando-o a colher galhos frescos das árvores, o que é importante para sua digestão. Seu alimento favorito é abóbora, que ele adora e devora rapidamente”, pontuou Ivanova.

Segundo a veterinária, o cativeiro deixou feridas profundas que estão começando a cicatrizar. As unhas de Charlie tinham rachaduras profundas devido às condições inadequadas de confinamento e precisam de cuidados especiais.

Em Shambala, Charlie já começou a cuidar dos próprios pés, desgastando-os ao esfregar em rochas, como fazem os elefantes selvagens.

Para sua soltura final em toda a reserva, Charlie, que atualmente pesa cinco toneladas, ainda precisa ganhar mais de 100 quilos. Ele está sendo alimentado diariamente com uma dieta rica de até 130 quilos de vegetais sazonais, frutas, feno e galhos.

A organização global de bem-estar animal Four Paws, a Fundação Elizabeth Margaret Steyn e a Reserva Privada Shambala colaboraram para sua aposentadoria na reserva de Limpopo.

Antes de se aposentar em Shambala em 19 de agosto, Charlie passou a maior parte de sua vida em cativeiro. Ele nasceu em 1982, no Parque Nacional Hwange, no Zimbábue. Ele foi capturado ainda jovem, dois anos depois, para se apresentar no Circo Boswell, na África do Sul.

Quando seu responsável enfrentou acusações de crueldade animal por maltratar seus elefantes e não fornecer água e sombra suficientes, Charlie foi transferido para o zoológico de Pretória em 2001, onde passou mais de duas décadas sozinho em um recinto desolado.

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