Uma elefanta adulta foi morta em Bengala Ocidental, no leste da Índia, por uma multidão de pessoas que a perfuraram com lanças em chamas, horas após um morador ter supostamente morrido em um encontro com outro elefante.

Seis elefantes – dois machos, duas fêmeas e dois filhotes – entraram em uma vila na cidade de Jhargram na manhã de 15 de agosto. Pouco depois, um morador morreu em suposto confronto com um dos macho.

Isso teria levado o departamento florestal a convocar a equipe local de “hulla” – um grupo de pessoas encarregadas de afastar grandes animais, geralmente usando instrumentos de percussão ou tochas, devido a iluminação que espanta os animais. No entanto, nessa ocasião, as equipes, com cerca de 35 pessoas, vieram armadas com lanças em chamas.

Inicialmente, as equipes dispararam vários dardos tranquilizantes em um dos elefantes machos que passava por um campo de futebol por volta das 12h30.

No entanto, por volta do mesmo horário, outros membros do grupo “hulla” perseguiram uma das elefantes fêmeas, esfaqueando-a com uma lança em chamas, segundo vídeos.

A elefante morreu cerca de oito horas após o ataque, apesar dos esforços do departamento florestal para reabilitá-la, disseram ativistas.

O VÍDEO A SEGUIR CONTÉM CONTEÚDO SENSÍVEL

Os vídeos mostram a lança atingindo a parte inferior das costas da elefanta. Também mostram ela lutando para se levantar enquanto a lança, que havia perfurado sua pele, queimava suas costas. Outros vídeos a mostram arrastando as pernas traseiras, enquanto as pessoas continuavam a atacá-la. Especialistas dizem que a tocha feriu sua coluna vertebral.

A polícia local registrou um boletim de ocorrência contra pessoas não identificadas e informou que uma investigação está em andamento para identificar os responsáveis pelo ataque.

Um vídeo mostra uma criança implorando que o pai pare de atacá-la em bengali.”Por favor, não machuque eles. Por que estão machucando ela, pai? Por favor, deixe-os ir. Ela vai morrer”, diz a menina, enquanto o vídeo mostra a fêmea lutando com a barra de metal em chamas cravada em suas costas.

Em outra gravação é possível ouvir outro morador, dizendo, também em bengali: “Ela não deveria ter sido machucada assim. Isso não está certo. Não importa o que aconteceu.”

Vale ressaltar que o uso de lanças é proibido para gerenciar conflitos entre humanos e animais no país.

Os elefantes do país estão sofrendo uma onda de ataques, com vídeos da crueldade praticada se tornaram virais nas redes sociais. Os ativistas estão apelando por mecanismos aprimorados para proteger os animais e as pessoas que vivem em áreas com grande população de vida selvagem.

ONGs em defesa dos direitos animais reiteraram apelos por moderação em situações de conflito entre humanos e animais. “As operações de ‘hulla’ ocorrem em situações de aglomeração… Os elefantes sofrem traumas emocionais por causa dessas medidas invasivas, além de sofrimento físico. Há uma necessidade urgente de parar completamente o uso de lanças pelas autoridades estaduais para afastar elefantes”, disse um representante da Human & Environment Alliance League (HEAL), uma ONG sediada em Calcutá, em entrevista ao Hindustan Times.

“A ideia de ter uma equipe de ‘hulla’ para afastar elefantes é apenas usar luz para desviá-los de um lugar. Sabemos que os animais instintivamente têm medo do fogo. Mas já vimos no passado que grupos de ‘hulla’ empregados pelo departamento florestal estão em condição de embriaguez e recorrem a todos os tipos de tortura horrível. Os moradores estão extremamente perturbados com isso. Além disso, todos os corredores que poderiam ajudar esses elefantes a escapar estão agora ocupados, então o conflito está aumentando”, explicou um ambientalista que pediu para não ser identificado.

Um morador que preferiu não se identificar declarou que não havia necessidade de chamar uma equipe de ‘hulla’. “Sugerimos que eles poderiam ser desviados para a floresta em vez de serem perseguidos, o que os deixa confusos. No meio de tudo isso, a elefanta adulta que estava amamentando um filhote foi atacada com a lança. O departamento florestal e a equipe de ‘hulla’ estavam presentes e os perseguiam juntos. Os moradores ficaram muito magoados. Se você visse isso acontecer, também choraria. Os moradores estão protestando contra a morte cruel do elefante em nossa aldeia”, afirmou.

Houve vários protestos em Jhargram por parte dos moradores contra a crueldade cometida contra o elefante.

Nota da Redação: Os ataques brutais a elefantes, como o ocorrido recentemente em Jhargram, são profundamente condenáveis. Esses elefantes não invadiram a vila por escolha, mas foram forçados a buscar refúgio e alimento em áreas invadidas por humanos devido à perda contínua de seu habitat natural.

O desmatamento, a expansão agrícola e a urbanização descontrolada estão reduzindo os espaços onde esses animais podem viver em segurança. Ao invés de responder com violência, é importante que se invista em soluções que promovam a coexistência pacífica e que protejam os elefantes.