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SOLIDÃO

Elefante africano morre após 24 anos vivendo aprisionado e sem companheiros da espécie em zoológico

Apesar de alertas de ativistas e uma lei que proíbe o isolamento prolongado, ele permaneceu em confinamento solitário até sua morte.

20 de setembro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Getty Images

Shankar, um elefante-africano macho de 29 anos com uma expectativa de vida de 70, morreu na quarta-feira (17/09) no Zoológico Nacional de Délhi, na Índia. Ele faleceu depois de recusar alimento e entrar em colapso, após viver 24 anos de solidão.

Desde 2001, quando perdeu o único companheiro africano, Shankar jamais voltou a conviver com outro elefante de sua espécie. Tentativas de alojá-lo com elefantes asiáticos fracassaram, e em 2012 ele foi colocado em um recinto que o manteve em confinamento solitário, em violação a uma proibição federal de 2009 que veta manter elefantes isolados por mais de seis meses.

O elefante morreu em 40 minutos após colapsar em seu recinto. Ele havia recusado comida, um sinal clássico de profunda depressão e desespero em animais sociais inteligentes. A causa oficial ainda será investigada, mas é claro que Shankar morreu de solidão.

Apesar de repetidos apelos de organizações de defesa animal para que fosse transferido a um santuário, Shankar permaneceu sozinho até seus últimos dias. “É de partir o coração vê-lo morrer assim”, disse Nikita Dhawan, fundadora da ONG Youth For Animals, que havia protocolado a petição judicial de 2021. “Era facilmente evitável. Ele não tinha nenhum problema de saúde grave. E era muito jovem.”

Relatos de que Shankar era mantido em um recinto sombrio e, por vezes, acorrentado reforçaram as críticas à gestão do zoológico. Em 2024, a Associação Mundial de Zoológicos e Aquários suspendeu a filiação da instituição, exigindo melhorias ou sua transferência até abril de 2025. O governo chegou a anunciar negociações para trazer uma companheira, mas o plano nunca saiu do papel.

Para a ativista Gauri Maulekhi, o caso simboliza “anos de apatia e negligência institucional” e exige responsabilização. “Uma investigação interna simplesmente não é suficiente. Esta foi uma falha sistêmica que exige responsabilização real e deve servir como um momento decisivo para acabar de uma vez por todas com a prática cruel de manter elefantes e outros animais sociais isolados em nossos zoológicos”, afirmou.

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