Zyon, um pitbull de 1 ano e cinco meses, morreu de forma cruel ao levar tiro de um assaltante, que roubou seu tutor, um adolescente de 16 anos. O crime, na noite de quinta-feira (21), aconteceu quando o jovem passeava com o animal pela Rua Armando Fajardo, no bairro Igara, por volta de 18h40.
Ainda abalado, o jovem lamentou a perda do amigo e contou, na manhã de sexta-feira (22), como tudo aconteceu. “Para mim, ele foi um herói que morreu para me salvar.”
As imagens de câmera de monitoramento mostram o roubo.
View this post on Instagram
Como tudo aconteceu
O adolescente conta que o assaltante os abordou e pediu para ele entregar telefone. “Ele se aproximou, apontou a arma e disse que queria o celular, senão me matava”, recorda. “Eu larguei o telefone no chão, como ele mandou, mas o Zyon estava muito nervoso e queria atacar.”
O jovem ainda relata que, agitado, o assaltante ordenava que ele acalmasse o animal, senão iria atirar para matá-lo. “Eu percebi que ele iria atirar a qualquer momento porque o bandido ficava com a arma apontada para minha cara”, descreve. “Eu passei o celular, mas ele queria atirar. Acabou atirando no Zyon quando soltei a coleira e saí correndo.”
Ao ouvir o tiro, o adolescente retornou correndo pela rua em direção ao animal, momento em que assaltante fugiu.
Socorro
Atirado no chão, sangrando devido ao ferimento nas costas, a ajuda veio quando, por coincidência, dois veterinários pararam o carro e prestaram socorro no local.
Eles levaram o cão até uma clínica. Apesar do atendimento rápido, Zyon não resistiu ao ferimento próximo à coluna.
‘Poderia ser meu filho sendo baleado’, diz pai
A tristeza e revolta são grandes entre os familiares do adolescente assaltado. Segundo o pai do jovem, que pediu, por motivos de segurança, para não ter o nome revelado, a sensação de impotência é enorme.
“Meu filho saiu para passear com o cão dele, como já fez tantas vezes”, conta. “Eu estava tomando um mate e nem acreditei quando me ligaram para dizer que ele foi assaltado e que o Zyon estava morto”. O pai aponta que o animal era dócil e não “estranhava” ninguém.
“Ele era um animal muito tranquilo e dócil”, afirma. “Nunca atacou ninguém antes, mas se enfureceu quando entendeu a ameaça. Isso é da natureza do animal.”
Devido ao trauma, o menor não terá a permissão do pai para caminhar, mesmo sem o animal, tão cedo. “É brabo que a gente não pode mais deixar o filho sair de casa hoje”, desabafa.
“Não gosto nem de pensar, mas se não fosse ele, poderia ser meu filho sendo baleado”, argumenta. “O Zyon morreu herói.”
Polícia Civil trabalha para achar suspeito
O caso envolvendo a morte do cão é tratado como um roubo, tendo em vista que o suspeito responsável levou o celular do adolescente antes de sair correndo da cena do crime.
A investigação é conduzida pela 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas. Segundo o delegado Rodrigo Caldas, um suspeito já foi identificado e a Polícia trabalha para prendê-lo.
“Começamos a investigar o crime ainda na noite de quinta-feira, quando soubemos o que aconteceu. A investigação avançou, e já podemos confirmar que temos um suspeito para o crime”.
Mesmo lamentando a morte do animal, Caldas ressalta que uma tragédia maior poderia ter acontecido se o animal não tivesse atacado o assaltante da maneira como aconteceu.
“É difícil ter que pensar nisso, mas este menino poderia estar morto por causa de um telefone celular.”
Fonte: Diário de Canoas