Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Amontoadas e repetidamente forçadas a engravidar, estas são as vidas lamentáveis das éguas cujos sangues são extraídos em terríveis fazendas para aumentar a produção de carne.
Dezenas de milhares de éguas ficam com agulhas gigantes presas em suas veias jugulares para a extração de um hormônio de fertilidade que é posteriormente injetado em outros animais para que eles possam ter mais filhotes em um ritmo muito mais veloz.
Este processo cruel, realizado de forma barata em fazendas na América do Sul, com o objetivo de evitar estritas regulamentações de bem-estar da União Europeia (EU), foi chamado de “tortura de éguas industriais” por ativistas pelos direitos animais.
A carne vendida na Grã-Bretanha origina-se de animais que receberam o hormônio conhecido como Gonadotropina Sérica de éguas gestantes (PMSG).
Ele é utilizado na criação de porcos para produtos à base de carne, como bacon, salsichas e costeletas. Na forma concentrada o hormônio poderoso é mais valioso do que o ouro e é injetado em porcas para acelerar o seu ciclo natural de fertilidade.
Isso faz com que as porcas engravidem novamente apenas dois dias depois de terem seus filhotes arrancados, dando aos seus corpos pouco tempo para a recuperação.
O PMSG é usado principalmente em porcas, mas também é utilizado em ovelhas e vacas para aumentar a produção de uma ampla gama de produtos de carne.
Os fazendeiros ou os supermercados não têm qualquer obrigação de declarar quais os produtos que foram produzidos utilizando a droga hormonal, onde o processo foi realizado e em que condições.
Não está claro como o uso generalizado de PMSG ocorre no Reino Unido. Ativistas e políticos têm exigido transparência e exigência legal sobre a produção de carne. Acredita-se que há dezenas de milhares de éguas em fazendas de sangue, principalmente no Uruguai, Argentin, e no Chile.
Defensores de animais dizem que elas são obrigadas a entrar em barracas onde uma agulha de grande diâmetro é inserida diretamente na veia jugular. O hormônio só pode ser encontrado no sangue de éguas na fase inicial da gravidez.
Quando as éguas já não podem engravidar, são mortas e vendidas como carne. A reportagem descobriu sete produtos PMSG que são vendidos na Grã-Bretanha.
Uma das sete injeções de PMSG registadas no Reino Unido é para utilização em porcos em explorações agrícolas. As outras duas também podem ser utilizadas em vacas, cabras e ovelhas.
O National Office for Animal Health (NOAH) disse que os fornecedores submetem-se a auditorias e asseguram a supervisão veterinária das éguas e insistiu para que que “aderissem aos limites da coleta de sangue” mas não forneceram mais detalhes.
Ativistas questionam a brutalidade de manter as éguas continuamente grávidas para a coleta de sangue em instalações escondidas, uma prática que despertou escrutínio internacional.
A UE não exige que os fazendeiros registrem quantidades de PMSG importadas ou utilizadas em explorações industriais. A mídia alemã estimou que 80% dos produtores de porcos usam PMSG no país. O órgão que representa a indústria de medicina animal do Reino Unido afirma que “não é amplamente utilizado no Reino Unido”, mas não há um registro nacional.
Wendy Higgins, porta-voz da Humane Society International, disse: “Os consumidores muitas vezes desconhecem o sofrimento animal escondido por trás de suas escolhas alimentares, particularmente em fábricas industriais. Mas o sofrimento hediondo das éguas para aumentar o bacon e a carne de porco leva essa dor a um nível totalmente novo que certamente chocará os compradores britânicos. As vidas de privação e a angústia que essas éguas perpetuamente grávidas são forçadas a suportar são obscenas”.
“A consciência de como os animais podem sofrer por nossos alimentos é o primeiro passo para evitá-los. Conhecimento é poder e com ele os consumidores podem refinar suas dietas para evitar as piores práticas agrícolas”, completou.
Uma vez que a utilização da PMSG foi revelada na Europa continental, foi lançada uma campanha para que a importação de produtos derivados do sangue das éguas grávidas seja proibida na UE. Em 15 dias, uma petição feita por um grupo de bem-estar animal no Avaaz conseguiu mais de 1,6 milhão de assinaturas.
Oliver MacColl, diretor de campanhas do Avaaz, disse: “Parece algo de um filme de vampiros, mas as éguas grávidas estão tendo seu sangue drenado para suprir um horrível comércio global. Agora, este segredo está aí fora com mais de um milhão de pessoas exigindo que a UE acabe com este show de horror para sempre.”
A empresa alemã AWF, que expôs pela primeira vez a prática em 2015, obteve imagens em instalações de produção de éguas na América do Sul, mostrando funcionários espancando os animais com tábuas e hastes elétricas para forçá-las a permanecerem quietas.
Também expôs éguas tão fracas que caíam quando suas pernas cediam. Uma égua é vista descansando sua cabeça em trilhos ainda tremendo. Uma operária sobe os trilhos e chuta-a três vezes no rosto antes que ela tenha um colapso.
A AWF afirma que até 10 litros de sangue são extraídos de uma égua semanalmente em algumas fazendas. Isto causa risco de anemia, choque hipovolêmico, aborto espontâneo e morte.
A investigação da AWF também encontrou ossos de éguas e uma delas morta em terras ligadas a uma fazenda de sangue que alegou fornecer PMSG para empresas farmacêuticas europeias.
Os antigos trabalhadores teriam dito à AWF que, algumas vezes, 12 litros podiam ser extraídos de uma só vez. A União Europeia não dispõe de uma legislação específica sobre a extração de sangue de éguas grávidas.
Acredita-se que as éguas são compradas em leilões na América do Sul e começam a ter seu sangue extraído com apenas três anos.
Algumas potras nascem para garantir um fornecimento constante de animais, enquanto outras são abortadas, segundo o Mirror.
O que acontece nas fazendas?
As éguas grávidas segregam PMSG a partir de seus copos endometriais entre 40 e 130 dias de gestação. Uma vez que seu sangue é retirado, o plasma é extraído, congelado e transformado em drogas com PMSG por empresas farmacêuticas europeias.
Estes fármacos, muitas vezes na forma de uma injeção, são então utilizados juntamente com progestogénio para induzir a ovulação de porcas e vacas.
Assim que os animais jovens são separados da mãe após o desmame, a fêmea é injetada para entrar no cio. O PMSG também pode ser usado em drogas de fertilidade para seres humanos.