O governo islandês abriu uma investigação depois que organizações de bem-estar animal divulgaram no Youtube um vídeo perturbador de maus-tratos a éguas gestantes. Apenas três países no mundo permitem a operação das fazendas de sangue, e a Islândia é um deles.

As entidades internacionais Animal Welfare Foundation (AWF) e Tierschutzbund Zurich realizaram uma investigação no país para saber como funciona a operação dessas propriedades. Com câmeras escondidas instaladas nas fazendas e entrevistas com autoridades e trabalhadores, as entidades publicaram a denúncia em um vídeo de 20 minutos na plataforma Youtube.

Em alguns trechos da filmagem, aparecem funcionários da fazenda espancando e maltratando as éguas enfraquecidas depois de perderem litros sangue. A extração é feita para se obter um hormônio do sangue dos cavalos que é usado pela indústria farmacêutica na fertilidade de animais criados em cativeiro.

As autoridades veterinárias islandesas disseram que levam “muito a sério” o caso e que as ações registradas estão em desacordo com as práticas de bem-estar animal dispostas no país.

As entidades que realizaram a denúncias, junto com uma coalizão de organizações internacionais de direitos animais, instauraram uma comissão, afim de proibir a importação e produção do hormônio PMSG (gonadotrofina sérica de égua prenhe). Inclusive, o Parlamento Europeu também fez um pedido para extinção desses celeiros de sangue.

O vídeo “Islândia – terra das 5.000 éguas de sangue”, mostra registros capturados pelas equipes entre os anos de 2019 e 2021. Existem 119 fazendas desse gênero em operação na Islândia.
Além do país europeu, a exploração de éguas prenhes é permitida na Argentina e Uruguai, e os grandes beneficiados pela dor e maus-tratos que esses cavalos sofrem, é a indústria farmacêutica. “O hormônio PMSG é usado para aumentar a fertilidade em vacas, ovelhas, cabras e porcas, além de induzir a superovulação, que produz ninhadas maiores e puberdade precoce nas fêmeas”, diz um trecho do artigo publicado no site da AWF.

A empresa de biotecnologia Isteka ehf é quem está por trás da manutenção desses lugares impiedosos na Islândia. A Animal Welfare Foundation afirma em outro trecho da publicação que esse “é um negócio milionário e que gera altos lucros para a indústria desde os anos 80. Além disso, como o hormônio só pode ser obtido no início da gestação, os potros são abortados para que as éguas possam ser fecundadas duas vezes ao ano, o que agrava ainda mais o sofrimento desses animais.”

Anualmente, cerca de 30 por centro dos animais explorados para a prática morrem em razão dos maus-tratos e das transfusões constantes de sangue. Quando as éguas não são mais capazes de engravidar, são enviadas para matadouros, onde seu único destino, após uma vida de escravidão, é o consumo humano.
A autoridades veterinárias da Islândia afirmam que a prática foi realizada em 5.400 animais em todo o país só neste ano, e acrescenta que as visitas de inspeção ocorrem em apenas 40 por cento das propriedades.

Nessa segunda-feira, 22 de novembro, o governo islandês pontuou que se forem registradas violações de conduta durante as inspeções, a prática será suspensa imediatamente, e que na somatória, as atividades já foram interrompidas em cinco fazendas desde 2014.