Ecologistas americanos tentam impedir a suspensão de medidas de proteção dos ursos cinzentos, afirmando que os transtornos ao ecossistema relacionados às mudanças climáticas privam estes animais de uma importante fonte de alimento.
Funcionários federais e estaduais responsáveis pela gestão de populações de ursos cinzentos (‘Ursus arctos horribilis’), uma subespécie do urso pardo que vive nas terras altas da América do Norte e são característicos do Parque Nacional de Yellowstone, no noroeste do país, recomendaram de forma unânime na quarta-feira (11) eliminá-lo da lista de espécies em risco de extinção, o que abriria o caminho para sua caça.
A decisão final do Serviço Federal de Pesca e Vida Silvestre (FWS, na sigla em inglês) é aguardada para o começo de 2014.
Os ursos cinzentos de Yellowstone, um parque que se estende pelos estados de Wyoming, Idaho e Montana, deixaram de ser protegidos pelo governo federal em 2007, quando os serviços governamentais estimaram que a população deste animal tinha alcançado um número desejável. Esta população foi avaliada, então, em 600 indivíduos contra apenas 175 em 1975, quando começou a ser protegido.
Mas os ecologistas conseguiram na Justiça anular esta decisão. Eles argumentaram que o governo federal não tinha levado em conta em sua decisão que o aquecimento global provocou uma forte redução das florestas de pinho de cortiça branca, uma importante fonte de alimento para estes ursos.
A votação desta quarta-feira do “Comitê Interinstitucional do ‘grizzly'” busca revisar as decisões dos tribunais, com o argumento de que estes animais podem encontrar um sem-número de outras fontes de alimento.
David Mattson, especialista em ursos pardos da Universidade de Yale, disse nesta quinta-feira (12) em coletiva de imprensa que “esta votação não leva em conta a realidade da situação no terreno”.
Um estudo mostrou que 95% das florestas de pinho branco são afetados por fungos e, nos últimos anos, por insetos que, com o aquecimento, emigraram para regiões mais altas onde estas árvores crescem, continuou.
Para Bonnie Rice, uma funcionária em Montana do Sierra Club, a maior organização ambientalista dos Estados Unidos, “o urso cinzento é, sem dúvida, o símbolo mais belo e poderoso do nosso patrimônio natural que, graças à proteção federal, ressurgiu de forma notável, mas continua sendo frágil”.
A suspensão da proteção dos lobos em Montana e Idaho em 2011, seguido em 2012 do Wyoming, também provocou fortes protestos entre os ambientalistas, mas até agora continua vigente.
Fonte: Terra