Um novo estudo desenvolvido por cientistas do Instituto Carnegie de Stanford e da JR Biotek Foundation conclui que é necessário repensar como vemos as plantações indígenas. Publicado em 23 de setembro no periódico Trends in Plant Science, o artigo defende a importância da linguagem anticolonial.
As plantações indígenas se estendem pela África, Ásia e América do Sul e incluem uma ampla variedade de cereais, grãos, frutas, leguminosas e tubérculos. Entretanto, por mais que ela seja uma cultura ampla, esse tipo de cultura de alimentos (apelidado de “plantio órfão”) é negligenciado por não desempenhar um papel significativo na economia agrícola global.
No entanto, segundo os autores do estudo, as plantações indígenas são responsáveis por produzir alimentos básicos cruciais para nutrição e sustentar comércios existentes por gerações nas áreas onde há cultivo. Portanto, o uso da terminologia “plantios órfãos” é fruto de um pensamento colonial e diminui esse importantíssimo papel das plantações de povos indígenas
“O termo ‘órfão’ ignora os importantes papéis de administração desempenhados por gerações de agricultores, que mantiveram essas culturas saudáveis e produtivas para alimentar suas comunidades”, explica, em nota, William Dwyer, autor e pesquisador do Departamento de Biologia Vegetal da Carnegie.
Ainda de acordo com os autores, ao utilizar a terminologia correta (cultivo indígena), o significado da transferência de conhecimento sobre domesticação de alimentos — crucial para alimentar as populações indígenas ao redor do mundo — é ressaltado.
A visibilidade sobre a importância de manter o plantio indígena vivo tem crescido à medida que cientistas ocidentais passam a pesquisar culturas regionais que são cultivadas há gerações por agricultores locais em todo o mundo.
Isso porque os plantios indígenas são exclusivamente adaptados aos ambientes locais, sendo tolerantes a condições desafiadoras e possuindo vastos reservatórios de diversidade genética. Essa diversidade é um aspecto importante para que uma planta se adapte às mudanças climáticas e ao estresse.
“À medida que esses esforços de pesquisa avançam, é crucial que, quando nos baseamos na promessa das culturas indígenas para ajudar a enfrentar os próximos desafios [climáticos], biólogos de plantas e outros especialistas reconheçam e colaborem com as culturas e os países que as preservaram por milhares de anos”, afirma Dwyer.
Fonte: Galileu