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ESPÉCIE AMEAÇADA

Duas onças-pintadas morrem atropeladas no mesmo dia em Rondônia e no Mato Grosso

1 de fevereiro de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Duas onças-pintadas (Panthera onca) morreram por atropelamento no sábado, 27 de janeiro, em rodovias em Rondônia e Mato Grosso. Nos dois casos, não há detalhes sobre os veículos e motoristas envolvidos. Os animais já foram encontrados sem vida.

O primeiro caso aconteceu na madrugada de sábado na altura do km 594 da BR-364, entre os municípios de Ariquemes e Itapuã do Oeste (RO). Conforme informações da Polícia Rodoviária Federal, que atendeu a ocorrência e foi responsável pela remoção do corpo do animal, o felino estava na pista sentido Porto Velho. Ele provavelmente foi atropelado por um veículo pesado.

A informação da morte da onça repercutiu na região após divulgação de um vídeo pelas redes sociais.

O outro atropelamento ocorreu na noite do mesmo dia na rodovia MT-249, em Nova Mutum (MT). A onça foi encontrada no meio da rodovia e moradores da região a arrastaram para uma das margens.

De acordo com o biólogo, doutor em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e coordenador de projetos da ONG Panthera, Fernando Tortato, praticamente todo ano são reportados atropelamentos de onças-pintadas nessa região de Cerrado e Amazônia. “O Mato Grosso é um estado que possui populações significativas de onças-pintadas provenientes de três, dos seis biomas que temos no Brasil: Pantanal, Cerrado e Amazônia. Além disso, as terras indígenas presentes na região formam áreas de hábitats naturais que possibilitam o deslocamento desses animais, que possuem área de uso que varia entre 80 e 100 quilômetros quadrados. As rodovias são barreiras que fragmentam estes ambientes, deixando principalmente as onças jovens vulneráveis a atropelamentos”, explica.

O impacto das estradas para a fauna

Rodovias e estradas estão entre uma das maiores causas de mortalidade da fauna silvestre no Brasil. De acordo com Rogério Fonseca, biólogo e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), responsável pelo Observatório de Imprensa Avistamentos e Ataques de Onças (Oiaa Onça/Ufam), as maiores pressões e impactos às onças são resultantes da falta de planejamento do uso do solo e da péssima estruturação das medidas mitigadoras nas rodovias.

As estradas brasileiras carecem de estrutura de redução de atropelamentos. Hoje temos dados suficientes para auxiliar em uma gestão precisa para essa redução acontecer, porém não há o devido interesse por parte do poder público na implementação das medidas”.

Soluções para reduzir a circulação de onças pelas estradas

As duas regiões em que ocorreram os atropelamentos possuem grandes áreas de floresta, beneficiando a disponibilidade de alimentos para as onças. Porém, ambas são cortadas por estradas. Fonseca afirma que tais estradas deveriam possuir grooving, técnica de fazer ranhuras no asfalto para que ele emita ruído durante a passagem dos veículos.

Em países onde o manejo de fauna é uma realidade, as estradas são equipadas com estas estruturas simples que sonorizam e espantam os animais”, completa.

Conservação da onça-pintada

A onça-pintada é um felino, topo de cadeia, espécie que se encontra classificada como “vulnerável” na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e como “quase ameaçada” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Fonte: Fauna News 

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