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Dramática remoção de elefantes ameaçados por humanos na África é registrada em documentário

18 de junho de 2014
6 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: National Geographic
Foto: National Geographic

O desmatamento no Parque Nacional de Marahoue na África para a agricultura levou à perda de aproximadamente 80 % do habitat da vida selvagem na região, inclusive para os ameaçados elefantes que viviam na floresta.

Os notoriamente tímidos e famintos elefantes, procurando por comida ou por uma mudança no cenário, passaram a vagar pelas vilas, o que foi considerado uma ameaça pelos moradores e gerou conflitos. Conforme publicado recentemente na ANDA , devido a relatos de violência, o International Fund for Animal Welfare (IFAW) foi chamado para realocar os animais para a Costa do Marfim.

O documentário francês “Eléphants, l’opération de la dernière chance”, lançado recentemente e produzido pela jornalista francesa Olivia Mokiejewski, especialista em meio ambiente e embaixadora da IFAW, contém registros desse resgate dito “épico”, mas que nada mais foi que uma tentativa de “expulsão civilizada” de indivíduos não humanos de uma região que lhes pertencia e à qual pertenciam.

Enquanto o filme mostra os resgatadores como heróis, e eles realmente têm o seu mérito, ele não focaliza no que é de fato importante, que é a origem do problema que levou à necessidade do transporte, nem no status de desolação desses animais e no que eles podem ter sofrido antes, durante e depois do processo onde não há nada que de fato possa ser considerado belo aos olhos dos espectadores. As informações são da Global Animal e do Le zapping du PAF.

Uma história de dois anos e a perda de duas vidas

Foto: National Geographic
Moradores assistem e comemoram o atendimento de seu pedido, que é a retirada de elefante de seu habitat natural (Foto: National Geographic)

Quando os moradores ameaçaram matar os elefantes, o governo da Costa do Marfim interveio em 2012, pedindo à IFAW que ajudasse a resolver o conflito. No entanto, poucos animais foram transportados e, ainda assim, foi um processo extremamente trabalhoso, conforme conta o documentário.

Segundo reportagem da Global Animal, dos estimados 12 elefantes que viviam na área, em uma manada predominantemente de machos, a IFAW capturou seis mas conseguiu transportar com sucesso apenas quatro.

Após ter recebido tranquilizantes, um elefante morreu afogado ao cair em um pântano próximo a Daloa. O outro faleceu por estresse, com um ataque cardíaco.

A equipe da IFAW conta que ficou abalada e entristecida com as mortes. A colaboradora Sissler-Bienvenu postou em seu blog: “Mesmo com todos os protocolos escrupulosamente seguidos, mesmo tendo os melhores profissionais de translocação em nosso negócio, sabemos que o risco de perder um elefante existe. Se esse elefante tivesse ficado em Daloa e se a alternativa de transporte não existisse, ele poderia ser em breve outra vítima do conflito com os humanos”.

Foto: National Geographic
Foto: National Geographic

Ela explicou ainda que o risco de perda na operação também foi grande  devido às circunstâncias difíceis, pois imobilizar um elefante é um processo complexo e ainda mais complicado em uma vegetação densa. “A IFAW, que tem sido envolvida em inúmeros transportes de elefantes na África, é conhecida por colocar o bem estar dos animais em primeiro lugar, e estou certa de que foi feito o impossível para evitar uma situação como essa”.

O projeto de translocação levou mais de dezoito meses para ser planejado e dez dias para ser implementado.

Processo difícil de captura e transporte

O primeiro obstáculo e considerado o mais desafiador foi encontrar os animais, que foi feito com informações de moradores e pelo uso de um helicóptero.

Depois que um elefante era encontrado, ele era tranquilizado por um dardo, lançado a partir do solo ou do helicóptero.

Foto: National Geographic
Funcionário da IFAW atira dardo tranquilizante em elefante (Foto: National Geographic)

“É mais seguro arremessar o dardo de um helicóptero, porque há menos risco de sermos perseguidos por um elefante assustado, o que aconteceu em uma ocasião”, disse Sissler-Bienvenu.

Enquanto o tranquilizante entrava em ação, em cerca de cinco a dez minutos, a equipe seguia o elefante sonolento. “Durante este processo, prestava-se especial atenção ao local onde ele adormecia. Se fosse uma área de floresta densa, tínhamos que limpar um pouco da vegetação para os caminhões terem acesso ao elefante”, complementou Sissler-Bienvenu.

Uma vez que a área estivesse limpa, eles usavam um guindaste para levantar o elefante para um caminhão, onde era posto sobre uma plataforma. Quando o elefante acordava, ele naturalmente andava para trás, e assim a equipe colocava a gaiola atrás do animal, usando o conhecimento sobre o instinto natural do mesmo para prendê-lo.

Foto: National Geographic
Elefante jovem acorda de sedação (Foto: National Geographic)

Os caminhões percorreram uma viagem de 500 quilômetros em cerca de 14 horas e em grande parte por estradas de terra, de Daloa ao Parque Nacional de Asagny, uma reserva federal de aproximadamente 194 km² de florestas e lagos ao longo do Golfo da Guiné.

Conforme a reportagem, o transporte físico dos quatro elefantes terminou aí, “mas não as suas jornadas”. De acordo com Gail A’Brunzo, gerente de resgate da IFAW, os elefantes agora terão de se adaptar ao seu novo habitat.

Elefante sendo liberado em novo habitat, terá que adaptar-se ao novo meio. Foto: National Geographic
Elefante sendo liberado em novo habitat, terá que adaptar-se ao novo meio (Foto: National Geographic)

Nota da Redação: Esse é mais um caso em que o homem invade o habitat dos animais e estes é que são considerados os invasores. Destituídos de seus habitats, ficam sem alimento e são mortos pelos humanos ou expulsos de suas terras. Com a pele marcada, amarrados em caminhões, são levados como criminosos para longe de seu lar diante de uma plateia humana que assiste satisfeita. Vale destacar que, dos supostos doze elefantes que viviam na região, foram capturados apenas seis, dos quais dois pereceram. Resta questionar o que houve com os outros seis que teriam ficado na região onde receberam ameaças de morte dos moradores. Uma vez que a ONG internacional foi resgatar os animais, deveria ter transportado todos eles. O grupo de elefantes vive como uma família e ressente a separação. Certamente a vida ficou mais difícil tanto para os que foram transportados quanto para os que permaneceram no local.

 

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