Os incêndios no leste de Minas Gerais têm destruído centenas de áreas de mata nativa e colocando em risco, também, os animais. Em setembro, o Centro de Biodiversidade da Usipa (Cebus), que fica em Ipatinga, recebeu 70 animais vítimas das queimadas. Do total, 31 não resistiram aos ferimentos. Dezessete se recuperaram e foram soltos na natureza. Outros 22 permanecem no centro.
Em outubro, até o dia 10, o Cebus recebeu 30 animais, dos quais quatro morreram. Nove retornaram à natureza e outros 17 permanecem na instituição.
Eles foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros ou pela Polícia Militar de Meio Ambiente em várias cidades, como Ipaba, Manhumirim e Teófilo Otoni.
Ao chegar ao Cebus, os animais passam por exames e avaliação veterinária. Alguns chegam tão desorientados que é preciso aguardar para fazer exames clínicos.
Esse filhote de cachorro do mato teve as quatro patas e o focinho queimados em um incêndio ocorrido em Ipaba. Desde que chegou ao Cebus, ganhou peso e está com boa evolução no tratamento para as queimaduras. O comportamento arredio é esperança para sua reintrodução.
As aves também sofrem com os incêndios. Um murucututu, um gavião carijó, um caburé e um beija-flor quebraram uma das asas tentando fugir das chamas. As fraturas são graves e eles não têm condições de retornar à natureza.
“Dá um sentimento de impotência realmente. São quadros muito tristes, desesperadores, ver o animal em sofrimento e não tem o que fazer, não tem como recuperar esse animal”, lamenta Cláudia Diniz, bióloga do Cebus.
Duas ninhadas de gambás lutam pela vida. Os menores chegaram ainda dentro da bolsa da mãe, que morreu em um incêndio. Eles se recuperaram e já foram soltos na natureza.
Aqueles que conseguem sobreviver e se recuperar, são esperança diante de tantas perdas. É o caso de uma corujinha do mato. Ela chegou ao Cebus desorientada e desidratada, mas sem fraturas. Em breve, Claudia acredita que ela poderá ser solta na natureza, assim como um filhote de gavião carcará.
“As pessoas têm que tomar consciência né de que o que elas estão queimando não é um mato, é a casa de alguém. Quando se coloca fogo num colonhão, próximo da sua casa, você vai limpar o seu lote e desabrigar os animais silvestres. Eles vão parar na sua casa. Então, é um ciclo né. Se nós não rompermos com esse ciclo, nós vamos continuar com esses problemas decorrentes né dessa prática que já deveria ter sido abolida há muito tempo”, explicou Claudia.
Diante de um cenário com tantas queimadas espalhadas por várias regiões, a população pode se deparar com um animal vítima das chamas. Neste caso, a orientação é acionar o Corpo de Bombeiros mais próximo do local ou a Polícia Militar de Meio Ambiente.
Fonte: g1