O incêndio que destruiu a casa de uma família no início da tarde desta terça-feira (8), no Jardim Imá, deixou não apenas perdas materiais, mas também cena de comoção – como a da cadela Neguinha que, mesmo em meio aos escombros, se recusava a abandonar os corpos de seus filhotes mortos pelas chamas.
A tragédia aconteceu na residência de Idalina Lourenço Cezar da Guarda, de 59 anos, onde ela morava com dois filhos e um neto. O fogo teria começado na varanda, onde estavam móveis e eletrodomésticos de um dos filhos, que havia se mudado recentemente e deixado a mudança no local. As chamas se alastraram rapidamente e consumiram os cinco cômodos da casa.
“Eu estava limpando meu quarto, quando ouvi meu neto de quatro anos gritando ‘fumaça, fumaça’. Só tive tempo de agarrar ele no colo e correr no meio das labaredas. Foi questão de minutos, o fogo se espalhou muito rápido”, contou Idalina.
Enquanto a família lutava para salvar o que podia, a cadela da casa também foi resgatada. Mas os cinco filhotes recém-nascidos, que haviam vindo ao mundo na madrugada anterior, não resistiram.
“A gente conseguiu tirar a mãe, mas os filhotinhos já estavam mortos. Desde então, ela não sai de perto deles. Não deixa a gente chegar perto para tirar. Vou esperar ela sair para conseguir tirar”, disse Idalina.
O incidente comoveu vizinhos que se mobilizam para ajudar a família. O incêndio destruiu não apenas a estrutura da casa, mas também os meios de sobrevivência da família. Idalina, que produzia sabão e tapetes para vender, perdeu cinco máquinas de costura e todos os produtos do pequeno negócio caseiro. Um de seus filhos, que trabalha como pintor, teve todas as ferramentas e documentos consumidos pelas chamas.
“Não sabemos como começou, não temos intriga com ninguém. Agora vamos ter que começar do zero”, desabafou Idalina, que morava na casa há 54 anos e criou os filhos naquele mesmo lar.
Segundo Idalina, o Corpo de Bombeiros levou cerca de 45 minutos para chegar ao local. As chamas só foram completamente apagadas por volta das 14h, quando já não havia mais o que salvar.
Apesar da dor, a solidariedade dos vizinhos tem sido essencial. Uma moradora ofereceu uma casa desocupada para a família se abrigar temporariamente.
O autônomo Clayton Cezar da Guarda, 37 anos, filho de Idalina, tentou conter o fogo com o auxílio de um balde, mas não conseguiu evitar a tragédia. “Eu estava lá no fundo e senti o cheiro de fumaça, tentei apagar jogando balde d’água, mas só fez o fogo aumentar. Até queimou um pouco meu braço porque joguei água e o fogo veio mais forte em mim”, lamentou.
Fonte: Campo Grande News