Dois tigres-siberianos foram transportados para a Reserva Natural Estadual de Ile-Balkhash, no Cazaquistão, vindos de um zoo nos Países Baixos em 22 de setembro, com o objetivo de reviver as espécies de tigres no país.
Os tigres estão agora passando pelo processo de aclimatação em um pequeno recinto próximo à área protegida da reserva. Após várias semanas de adaptação, está previsto que eles sejam soltos em recintos maiores e, assim que possível, na natureza, conforme relatado pelo Ministério da Ecologia e Recursos Naturais do Cazaquistão.
“É um momento histórico, pois o Cazaquistão recebeu os primeiros tigres para reprodução e recuperação da espécie. Segundo o acordo com a Rússia, espera-se que mais três ou quatro tigres sejam soltos na natureza em 2025. Para o Cazaquistão, este é não apenas um projeto ecologicamente importante, mas também um símbolo dos esforços conjuntos para restaurar o patrimônio natural”, disse Yerlan Nyssanbayev, Ministro da Ecologia e Recursos Naturais do Cazaquistão.
O governo do Cazaquistão e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) assinaram um memorando em 2017 para implementar um projeto com o objetivo de reviver a população de tigres-do-cáspio nas margens do Lago Balkhash. O programa visa ajudar o país a restaurar uma população saudável de tigres.
Os tigres siberianos e do cáspio são considerados ecótipos de uma única subespécie, ou seja, são populações que apresentam diferenças genotípicas que proporcionam melhor adaptação aos diferentes habitats onde a espécie possa vir a ser encontrada. Assim, após se adaptarem ao território do Cazaquistão, esses tigres se tornarão parte da população dos tigres-do-cáspio com base territorial.
Espera-se que a prole dos tigres soltos na natureza se torne os primeiros nascidos fora de cativeiro no país em 70 anos. Isso marca uma etapa importante na proteção da biodiversidade e no retorno de espécies extintas à Ásia Central.
“Depois de quase duas décadas trabalhando para o WWF, este projeto é um dos mais extraordinários em que já trabalhei. Quem imaginaria algo assim há 15 anos, quando quase perdemos o tigre na natureza? Este projeto não é apenas um trabalho impressionante com tigres. Não estamos apenas salvando uma espécie ameaçada, mas também, junto com nossos parceiros, restaurando um ecossistema inteiro, o que traz enormes benefícios ecológicos. O fato de termos chegado a isso após tantos anos de trabalho dá esperança para a restauração da natureza e das espécies ameaçadas em todo o mundo”, diz Gert Polet, especialista em vida selvagem do WWF dos Países Baixos.
Historicamente, os tigres-do-cáspio, subespécie que se extinguiu no país há mais de 70 anos, viviam na região do Lago Balkhash. Eles viviam em alta densidade, o que sugere a possibilidade de criação de uma população sustentável de quase 100 indivíduos, significativamente maior do que a maioria das populações modernas de tigres.