Cientistas em Singapura estão planejando a expansão de um projeto-piloto que aumenta a capacidade do oceano de absorver emissões de dióxido de carbono, aumentando assim as possibilidades de ação para enfrentar as mudanças climáticas.
Tecnologias para remoção de dióxido de carbono dos oceanos (procedimento conhecido pela sigla OCDR) são estudadas por cientistas há algum tempo, mas ainda sem grandes resultados. O Conselho de utilidades Públicas de Singapura, no entanto, construiu uma usina que usa eletricidade para extrair CO2 da água do mar, e depois bombeando a água “limpa”, sem o gás, de volta ao oceano, permitindo que este volte a absorver mais CO2.
O projeto, construído em uma instalação de dessalinização na costa oeste da cidade-Estado, extrai 100 quilogramas de CO2 por dia usando tecnologia desenvolvida pela empresa norte-americana Equatic, fundada por cientistas da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA). Após isso, a água do mar passa por um eletrolisador, que converte CO2 em carbonato de cálcio e produz hidrogênio.
O Conselho procura agora garantir financiamento para construir uma planta com capacidade diária de 10 toneladas, e pretende expandir ainda mais, disse à Reuters Gurdev Singh, que lidera o projeto. “Mostramos que a tecnologia funciona, mas a chave agora é otimizar a tecnologia para usar em grande escala”, afirmou.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) diz que a remoção de CO2 da atmosfera será tão importante quanto a redução das emissões quando se trata de conter o aquecimento global. Mas, embora as técnicas de OCDR tenham sido descritas por um grupo ambientalista como um “herói não celebrado” na luta contra as mudanças climáticas, ainda não está claro se as novas tecnologias são viáveis em grande escala.
O fundador da Equatic, Gaurav Sant, enfatizou o potencial comercial da tecnologia. “O que torna esta oportunidade comercial resiliente é que você pode essencialmente ter o mesmo equipamento para fornecer dois produtos: créditos de carbono e hidrogênio”, apontou, lembrando ainda que também seria possível lucrar com a venda de carbonato de cálcio à indústria de construção civil. O composto é usado na fabricação de cimento, entre outras funções.
O projeto é um dos vários empreendimentos-piloto de OCDR em todo o mundo. Alguns dependem de trazer à superfície águas profundas ricas em nutrientes para estimular o crescimento de algas marinhas que absorvam CO2, enquanto outros visam reduzir os níveis de acidificação dos oceanos e, assim, também aumentar a absorção do gás.
Fonte: Um Só Planeta