Segundo médicos veterinários, os animais domésticos podem desenvolver praticamente todas as enfermidades comuns às pessoas. São males como problemas cardíacos, renais, hepáticos, articulares, cataratas, diabetes, aids e alguns tipos de tumores que podem estar associados à genética e idade do animal. No entanto, erros cometidos pelos tutores na alimentação e medicação dos bichos podem agravar e até proporcionar o desenvolvimento de enfermidades.
Alimentos que para o ser humano são um agrado, pode representar perigo para o animal. “Alguns animais têm sensibilidade intestinal a condimentos e os alimentos humanos, além da obesidade, podem ocasionar diarreias e vômitos, muitas vezes até com sangue”, alerta o médico e cirurgião veterinário Randal Barbosa de Moura, do Hospital Veterinário Pluto, em Goiânia.
Para Randal, medicar os animais sem a orientação de um profissional é outro erro grave. Os anti-inflamatórios, por exemplo, podem ser tóxicos para os animais, principalmente para os gatos, cujo metabolismo é mais sensível.
Quanto à imunização, muitos tutores acreditam que a vacinação deve ser feita apenas em filhotes, quando o recomendado é a aplicação anual da vacina antirrábica e da V10, que é um conjugado de vacinas. “A vermifugação também é importante. Em animais urbanos ou nos de chácara, a indicação é a cada seis meses no caso de leptospirose”, ressalta Randal Barbosa
“No caso das doenças desencadeadas pela alimentação em excesso ou inadequada, como a ingestão de doces e alimentos gordurosos, temos o diabetes, por exemplo. Mas é claro que também existe o fator genético”, explica o médico veterinário.
Segundo o médico, há rações específicas para cães com diabetes que podem ser encontradas em clínicas veterinárias e em grandes lojas de produtos para animais. Dieta e aplicação de insulina, pois a espécie canina é insulino-dependente. “Agora, quando o tutor não pode comprar a ração, que não é barata, o veterinário pode propor uma dieta”, orienta.
No caso dos gatos, Randal acrescenta que o controle da alimentação é mais difícil por serem animais de vida mais livre que os cães, o que também torna o diagnóstico mais complicado. “Muitas vezes quando os tutores percebem a doença já está avançada.”
DIABETES
Os sintomas da doença nos animais, de acordo com Randal Barbosa, são praticamente os mesmos apresentados em humanos e animais: emagrecimento, mesmo com aumento de apetite, sede intensa e cansaço. Outra maneira de identificar o diabetes é observar o local onde o animal tem o hábito de urinar. Em muitos casos, a urina atrai formigas e outros insetos.
Contudo, algumas doenças são mais difíceis de serem diagnosticadas e exigem exames mais completos. Randal Barbosa lista as principais características de algumas das enfermidades que acometem os animais e que são familiares aos seres humanos.
CÂNCER
Você já deve ter ouvido alguém dizer que o número de animais com câncer aumentou nos últimos tempos. Contudo, especialistas alegam que o prolongamento da vida proporciona mais tempo para que tumores e doenças senis se desenvolvam, como acontece com as pessoas. E a expectativa de vida dos animais aumentou. “Se um cachorro chegasse aos 15 anos de idade era muito e eu já atendi cachorro com 26 anos”, afirma o veterinário Randal Barbosa.
Ele também aponta a precisão dos diagnósticos, que pode até ser precoce, como outro fator do aparente aumento nos casos da doença. “Antigamente, o cão morria e, muitas vezes, os tutores nem sabiam o porquê.”
Segundo ele, ao contrário do que muitos acreditam, não há comprovação de que substâncias presentes nas rações possam originar tumores. “O que é comprovado é que alguns tumores diagnosticados nas fêmeas, como os de mama, que são causados por hormônios e podem, sim, ser evitados com a castração.”
A terapia nutricional é um componente importantíssimo no tratamento do paciente com câncer, em especial nos caquéticos. Os objetivos do suporte nutricional são de prevenir ou corrigir deficiências nutricionais, minimizar os efeitos secundários do tratamento, melhorar qualidade de vida e sobrevida do animal e auxiliar na recuperação da condição corpórea.
O veterinário ainda ressalta que há comprovação de que a castração, antes do primeiro cio, reduz a zero as chances de a cadela ter câncer de mama quando adulta. Outro problema também evitado com a castração é a piometra, uma inflamação cujo tratamento é a retirada de útero e ovários. “O anticoncepcional pode provocar a piometra no futuro”, explica.
Animais com câncer, segundo ele, têm alterações metabólicas que resultam em alterações clínicas. A perda de peso é com frequência uma das características da doença, sendo proveniente do catabolismo muscular e gorduroso. A anorexia é um dos componentes mais importantes na gênese da caquexia cancerosa. Ela pode ser consequente à redução da percepção de sabor e olfato, satisfação precoce à ingestão alimentar, resposta a peptídeos orexígenos e produção de citocinas. A caquexia ocorre devido as alterações em citocinas, alterações hormonais, metabolismo de carboidratos, proteínas, gorduras e metabolismo energético.
HEPÁTICOS E DEPRESSÃO
Segundo Randal, boa parte dos problemas hepáticos em animais tem como causa a alimentação, com muito tempero e gordura, e o uso indiscriminado de medicamentos, com doses erradas ministradas por tempo incorreto. “Os animais não estão preparados para ingerir comida pesada. Tudo isso afeta o fígado, que age como um filtro.”
O chocolate, por exemplo, contém substâncias que não são metabolizadas pelo organismo do cachorro, o que pode causar séria intoxicação. Outro alerta do veterinário é para o uso de antibióticos em gatos. “Alguns deles têm reação contrária e pode até matar esses animais.”
Os animais também sofrem com problemas comportamentais, muitas vezes até mesmo por passarem muito tempo presos e sozinhos. Os cães, por exemplo, são animais que gostam muito do convívio com humanos. Entretanto, é preciso atentar para o desânimo do bicho, já que ele pode sinalizar enfermidades.
ARTRITE E ARTROSE
Normalmente, são os animais de grande porte e de idade avançada os que mais sofrem com problemas articulares, por propensão genética e, principalmente, por causa do peso. Os cães passam a mancar e a andar com os joelhos para fora ou para dentro. Segundo veterinários, a maioria dos tratamentos é indicada para amenizar a dor e o atrito.
CORAÇÃO
De acordo com o veterinário Randal Barbosa, o cão não tem infarto, como muitas pessoas acreditam, mas sim doença de válvula cardíaca que aumenta o coração. Degenerativa e mais comum em cães idosos, os sintomas são: tosse, cansaço, intolerância à atividade física, língua roxa e desmaios em alguns casos.
O veterinário explica que em cães de grande porte, como o dogue alemão, entre outros, é comum o desenvolvimento de doenças de músculo cardíaco, ou seja, o coração dilata e fica grande. Já em raças pequenas, como maltês, pinscher e yorkshire, o mais comum são os problemas de válvula cardíaca, que começa a falhar e o coração também aumenta.
PRÓSTATA
Este é um tipo de doença que a maioria dos tutores de animais não sabe que existe. O médico e cirurgião Randal Barbosa, no entanto, diz que é comum o diagnóstico deste mal. “A hiperplasia prostática benigna é comum em cães, e acomete mais frequentemente machos inteiros e idosos. Ocorre por estímulo androgênico, que resulta em aumento da próstata. A hiperplasia prostática benigna geralmente é descoberta acidentalmente durante consultas rotineiras em animais idosos, normalmente é subclínica. Quando apresenta sinais clínicos os mais comuns são tenesmo (sensação dolorosa na bexiga ou na região anal, com desejo contínuo, mas quase inútil, de urinar ou de evacuar) e gotejamentos de sangue prostático através da uretra na ausência de urina, hematúria (presença de sangue na urina) e hemospermia (presença de sangue no esperma ejaculado)”, diz ele.
O diagnóstico, segundo ele, é baseado em sinais clínicos, prostamegalia (aumento da próstata canina), ultrassonografia (acometimento é difuso e simétrico) e palpação da próstata. “O tratamento de escolha é a castração para animais que apresentam sinais clínicos, ocorre a involução da próstata após algumas semanas do procedimento (se retira a fonte de andrógenos)”, ensina o veterinário.
Fonte: DM