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Doença rara pode atingir cães com imunidade baixa

14 de maio de 2015
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Foto: Samuel Gê
Foto: Samuel Gê

Há seis meses, quando voltava para casa, no bairro Buritis, a estudante de gastronomia Juliane Lima, de 27 anos, deparou com um cãozinho que subia a rua meio cambaleante e, mesmo fraco e cansado, tentava interagir com as pessoas que passavam pelo local. Sensibilizada, ela se aproximou para lhe oferecer alimento e, desde aquele momento, conquistou um fiel companheiro. José, nome que lhe foi dado posteriormente, a escoltou até a porta de casa, onde acabou sendo recebido como o mais novo membro da família. “Ele estava bem debilitado, faminto e com muitos parasitas pelo corpo. Além disso, observei que também tinha algumas verrugas do lado externo da boca”, diz Juliane.
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Imagem: Divulgação

Ela ainda não sabia, mas com a imunidade baixa, José foi vítima perfeita para uma doença pouco conhecida, mas extremamente contagiosa entre os cães, a chamada papilomatose canina. A doença causada pelo papillomavírus é caracterizada pelo surgimento de verrugas com coloração e formatos variados que afetam algumas regiões do corpo do animal, entre elas a genital, ocular e cutânea. No entanto, por possuírem alta irrigação sanguínea, os locais mais afetados são lábios, mucosa labial, língua, palato, esôfago, faringe e epiglote.
“É uma doença infectocontagiosa que pode acometer animais de qualquer idade, mesmo os vacinados. Porém, filhotes e adultos imunossuprimidos compõem a maior parte do grupo de risco”, explica o veterinário André Brey-Gil, do Centro Veterinário Referência Animal. Segundo ele, o vírus da papilomatose já foi encontrado em mais de 20 espécies de mamíferos, e sua transmissão se dá por meio do contato direto ou indireto com secreções ou sangue provenientes dos papilomas de animais infectados.
Em estágio avançado, a ulceração dos papilomas pode ocasionar infecções. O problema se agrava quando a proliferação dos tumores chega a obstruir a faringe do animal, que passa a não conseguir se alimentar. “Nesses casos, a intervenção cirúrgica é indicada. Outro protocolo muito adotado é a vacina autógena, feita com extratos dos papilomas retirados do próprio animal”, explica o veterinário Marthin Raboch Lempek, professor da UFMG. Estudos apontam que a homeopatia também surte bons resultados no tratamento da papilomatose. “Em alguns pacientes, apenas com sua administração, os tumores sumiram completamente em menos de 30 dias, e sem recidiva”, diz o especialista.
Há três semanas, a consultora de vendas Roseli dos Santos, de 44 anos, optou pela extração dos papilomas da cadelinha Endy. Após passar por uma cirurgia ortopédica, ela teve de tomar vários medicamentos que baixaram sua imunidade. “Foi quando observei que surgiram várias verrugas em sua boca, e, como ela já estava sobrecarregada de remédios, preferi realizar o procedimento cirúrgico. Hoje está totalmente recuperada”, diz Rosely.
O tratamento é controverso e varia de acordo com o organismo de cada animal. Em alguns casos, como foi o do cãozinho José, a doença pode regredir espontaneamente após três meses de seu surgimento, só com o reforço de alimentação. “As verrugas sumiram em pouco tempo”, diz Juliane Lima. Para que isso ocorra, é necessário que o cão tenha o seu sistema imunológico fortalecido. “A doença está relacionada à baixa de resistência, por isso animais bem cuidados, com boa alimentação, dificilmente vão desenvolvê-la, exceto em casos específicos”, diz o veterinário Gilson Dias Rodrigues. Outra boa notícia é que, apesar do aspecto desagradável, a doença não é transmissível para os seres humanos e, quando tratada corretamente, tem cura.
Fonte: Encontro

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