Após anos de estagnação nos casos de cães acometido pela enfermidade, um aumento registrado neste ano surpreendeu os profissionais da medicina veterinária.

Médicos veterinários do litoral de São Paulo, em especial da Baixada Santista, têm se preocupado com o aumento no número de cachorros diagnosticados com verme do coração, como é conhecida a Dirofilariose canina, uma doença silenciosa que pode ser fatal.
Contaminados através da picada do mosquito Aedes aegypti, os cães sofrem com a doença que, na maioria dos casos, têm seus sintomas expostos apenas quando a enfermidade chega a um nível grave.
Ao picar o cachorro, o mosquito infectado transmite o verme para a corrente sanguínea do animal, que percorre as veias do corpo até chegar ao coração, onde se aloja. Ao atingir a fase adulta, o verme se reproduz e lança filhotes na corrente sanguínea. É nessa fase da doença que alterações ocorrem nas artérias do coração, podendo causar insuficiência cardíaca com o passar do tempo.
O verão é a estação com maior número de insetos circulando pelo ar. No entanto, conforme alertado pela médica veterinária cardiologista Patrícia Costa Chamas, os mosquitos podem transmitir o verme do coração durante todo o ano. “Para o mosquito tanto faz a estação, ele está sempre aí e tem prevalecido o ano todo”, informou a veterinária ao jornal A Tribuna.
E embora a maior parte dos cães infectados não apresentem sintomas no estágio inicial da doença, os animais sintomáticos podem apresentar tosse, língua arroxeada, um maior volume abdominal, patas inchadas, desmaios e cansaço.
Estar atento a qualquer sinal anormal apresentado pelo animal e levá-lo rotineiramente ao veterinário é fundamental para prevenir a doença ou identificá-la antes que se torne grave. De acordo com a veterinária Nathalia Noronha, especialista em cardiologia, “acontece de ser uma doença que é descoberta durante exames rotineiros”.
Embora não exista vacina para a doença, é possível preveni-la através de medicações antiparasitárias via oral ou através de injeção. “Por regra, todo tutor que mora no litoral deve fazer alguma dessas prevenções em seus cachorros”, pontuou Nathalia. “Se o cachorro estiver com o medicamento em sua circulação sanguínea e um mosquito com o verme picá-lo, a larva morrerá antes de se desenvolver”, acrescentou.
Nos animais acometidos pela enfermidade, o tratamento pode ser realizado por meio de cirurgias – em casos extremos e com pouca chance de sobrevivência – ou através de medicamentos – em estágios mais brandos. A medicação, entretanto, deve ser ministrada por longos períodos – normalmente, por dois anos, mas pode chegar a mais de quatro. “Se os vermes são mortos diretamente e de uma só vez, os riscos de trombose são maiores e isso pode obstruir as artérias do animal”, explicou Patrícia ao jornal A Tribuna.
O verme do coração é uma doença estritamente canina e não atinge humanos, que no máximo desenvolvem nódulos pulmonares com vermes – condição clínica costumeiramente confundida com câncer.