Segundo médicos veterinários, os animais domésticos podem desenvolver praticamente todas as enfermidades comuns às pessoas. São males como problemas cardíacos, renais, hepáticos, articulares, cataratas, diabetes e alguns tipos de tumores que podem estar associados à genética e idade do animal. No entanto, erros cometidos pelos tutores na alimentação e medicação dos animais podem agravar e até proporcionar o desenvolvimento de enfermidades.
Um pedacinho de carne de churrasco aqui, um queijinho ali e mais uma fatia de pão. O que para o ser humano é agrado, representa um perigo para o animal. “Alguns animais têm sensibilidade intestinal a condimentos e os alimentos humanos, além da obesidade, podem ocasionar diarreias e vômitos, muitas vezes até com sangue”, alerta Vanessa Foloni Torres, médica veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Paulista (Unip).
Medicar os animais sem a orientação de um profissional é outro erro grave. Os anti-inflamatórios, por exemplo, podem ser tóxicos para os animais, principalmente para os gatos, cujo metabolismo é mais sensível.
Quanto à vacinação, muitos tutores acreditam que a vacinação deve ser feita apenas em filhotes, quando o recomendado é a aplicação anual da vacina antirrábica e da V10, que é um conjugado de vacinas. “A vermifugação também é importante. Em animais urbanos, a dose pode ser anual, já nos de chácara, a indicação é a cada seis meses”, ressalta Vanessa.
“No caso das doenças desencadeadas pela alimentação em excesso ou inadequada, como a ingestão de doces e alimentos gordurosos, temos o diabetes, por exemplo. Mas é claro que também existe o fator genético”, explica o médico veterinário Ricardo Massaru Tomaoka.
Segundo o veterinário, há rações específicas para cães com diabetes que podem ser encontradas em clínicas veterinárias e em grandes lojas de animais. Medicação via oral e até a aplicação de insulina podem fazer parte do tratamento, dependendo da gravidade do caso. “Agora, quando o dono não pode comprar a ração, que não é barata, o veterinário pode propor uma dieta”, orienta.
No caso dos gatos, Ricardo acrescenta que o controle da alimentação é mais difícil por serem animais de vida mais livre que os cães, o que também torna o diagnóstico mais complicado. “Muitas vezes, quando os tutores percebem, a doença já está avançada”.
Sintomas iguais
Os sintomas são praticamente os mesmos em humanos e animais: emagrecimento, mesmo com aumento de apetite, sede intensa e cansaço. Outra maneira de identificar o diabetes é observar o local onde o animal tem o hábito de urinar. Em muitos casos, a urina atrai formigas e outros insetos.
Contudo, algumas doenças são mais difíceis de serem diagnosticadas e exigem exames mais completos. Leia nesta página as principais características de algumas das enfermidades que acometem os animais e que são familiares aos seres humanos.
Câncer
Você já deve ter ouvido alguém dizer que o número de animais com câncer aumentou nos últimos tempos. Contudo, especialistas alegam que o prolongamento da vida proporciona mais tempo para que tumores e doenças senis se desenvolvam, como acontece com as pessoas. E a expectativa de vida dos animais domesticos aumentou. “Se um cachorro chegasse aos 15 anos de idade, era muito e eu já atendi cachorro com 26 anos”, afirma o veterinário Ricardo Massaru Tomaoka.
Vanessa Foloni Torres, médica veterinária do hospital da Unip também aponta a precisão dos diagnósticos, que pode até ser precoce, como outro fator do aparente aumento nos casos da doença. “Antigamente, o cão morria e, muitas vezes, os tutores nem sabiam o porquê”.
Segundo Vanessa, ao contrário do que muitos acreditam, não há comprovação de que substâncias presentes nas rações possam originar tumores. “O que é comprovado é que alguns tumores diagnosticados nas fêmeas, como os de mama, são mediados por hormônios e podem, sim, ser evitados com a castração”.
A veterinária ainda ressalta que há comprovação de que a castração, antes do primeiro cio, reduz a zero as chances da cadela ter câncer de mama quando adulta. Outro problema também evitado com a castração é a piometra, uma infecção cujo tratamento é a retirada de útero e ovários. “A vacina anticio, aplicada de maneira errada, por provocar a piometra no futuro”, explica a veterinária.
Olhos
A catarata e o glaucoma são os problemas mais frequentes. “Na realidade, um conjunto de coisas causam esse tipo de enfermidade. O glaucoma, por exemplo, é um derramamento de sangue dentro do olho que pode ser provocado por um aumento de pressão, e a diabetes pode ser uma das causas”, explica o veterinário Ricardo.
Já a catarata pode ser uma condição genética ou mesmo provocada pelo uso indiscriminado de remédios. “Já vi catarata provocada por aplicação de Ivomec”, relata ele. Há possibilidade de cirurgia e os sintomas podem ser observados pelo tutores. Normalmente, um animal com catarata olha meio de lado, esbarra nos objetos e apresenta o miolinho do olho branco.
Hepáticos e depressão
Segundo Ricardo, boa parte dos problemas hepáticos em animais de estimação tem como causa a alimentação, com muito tempero e gordura, e o uso indiscriminado de medicamentos, com doses erradas ministradas por tempo incorreto. “Os animais não estão preparados para ingerir comida pesada. Tudo isso afeta o fígado, que age como um filtro”.
O chocolate, por exemplo, contém substâncias que não são metabolizadas pelo organismo do cachorro, o que pode causar séria intoxicação. Outro alerta do veterinário é para o uso de antibióticos em gatos. “Alguns deles têm reação contrária e pode até matar esses animais”.
Os animais também sofrem com problemas comportamentais, muitas vezes até mesmo por passarem muito tempo presos e sozinhos. Os cães, por exemplo, são animais que gostam muito do convívio com humanos. Entretanto, é preciso atentar para o desânimo do bicho, já que ele pode sinalizar enfermidades.
Artrite e artrose
Normalmente, são os animais de grande porte e de idade avançada os que mais sofrem com problemas articulares, por propensão genética e, principalmente, por causa do peso. Já os poodles desenvolvem tais problemas pelo hábito de pular e até andar em duas patas. Os cães passam a mancar e a andar com os joelhos para fora ou para dentro. Segundo veterinários, a maioria dos tratamentos é indicada para amenizar a dor e o atrito.
Coração
De acordo com a veterinária Vanessa Foloni Torres, que também é especialista em cardiologia, o cão não tem infarto, como muitas pessoas acreditam, mas sim doença de válvula cardíaca que aumenta o coração. Degenerativa e mais comum em cães idosos, os sintomas são: tosse, cansaço, intolerância à atividade física, língua roxa e desmaios em alguns casos.
A veterinária explica que em cães de grande porte, como o dogue alemão, boxer e doberman, entre outros, é comum o desenvolvimento de doenças de músculo cardíaco, ou seja, o coração dilata e fica grande. Já em raças pequenas, como maltês, pinscher e yorkshire, o mais comum são os problemas de válvula cardíaca, que começa a falhar e o coração também aumenta.
Fonte: JCNET