Nos infiltramos no habitat de outros animais e, com argumentos científicos, fazemos imagens deles defecando, copulando, dando luz. Será que eles se incomodam com essa aproximação de documentaristas? Estudo da Universidade de East Aglia, na Inglaterra, diz que este tipo de atitude constitui, sim, uma violação ao direito dos animais à privacidade.
O relatório sobre os direitos dos animais à vida privada foi a resposta de Mills à série sobre vida selvagem filmadas pela BBC em 2009, ‘Grandes eventos da natureza’. Entre as imagens consideradas por ele como ofensivas está a de um narval (mamífero parente da baleia) que, aparentemente, foge da vista e se esconde sob uma camada de gelo do Ártico.
Não é a primeira vez que a BCC recebe protestos do tipo. Em 2008, o canal de TV foi inundado de cartas com reclamações sobre a narração de uma cena de acasalamento entre dois besouros. “Ele cai no topo de uma provável senhora à procura de sexo. Está com sorte! Uma coisa é certa: este menino está com tesão!”, dizia o locutor Bill Oddie.
Para Mills, filmagens com microcâmeras e comentários deste tipo seriam certamente rejeitados por seres humanos. “O momento-chave da maioria dos documentários de vida selvagem está naqueles momentos muito particulares de acasalamento ou do parto. Muitas dessas atividades, no reino humano, são consideradas profundamente privadas, mas com outras espécies não reconhecemos isso”, disse. Para o especialista, embora possa parecer estranho defender direito à privacidade de animais, o fato é que eles podem se incomodar com a presença de humanos e alterar atividades cotidianas por causa do distúrbio.
A unidade de história natural da BCC rebateu as críticas de Mills alegando que têm desenvolvido tecnologias que interfiram o menos possível na vida do animal. Além disso, eles permanecem firmes na crença de que “filmes de história natural desempenham um papel importante na divulgação do conhecimento. E compreender o mundo ao redor é vital no esforço de preservar o nosso ecossistema”.
Fonte: Revista Galileu