EnglishEspañolPortuguês

PRODUÇÃO

Documentário mostra lado obscuro da exportação de animais vivos

O anúncio foi feito ontem (14), Dia Internacional Contra a Exportação de Animais Vivos, criado por movimentos ligados à causa animal. Veja o trailer!

16 de junho de 2022
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Miguel Perfectti

Imagine passar semanas confinado em um navio viajando de um continente ao outro com pouco espaço para circular e realizar necessidades básicas. Por ano, mais de meio milhão de animais deixam os portos do Brasil rumo ao mercado internacional, transportados cruelmente vivos, recebendo o nome objetificado de “cargas vivas”, em viagens que segundo defensores da causa animal, prejudicam a saúde e o bem-estar físico e psicológicos dos animais.

Buscando despertar as pessoas para esta realidade pouco conhecida, a ONG Mercy For Animals, dedicada ao fim da exploração animal, lançará em julho um documentário sobre a exportação de animais vivos no país. O anúncio foi feito ontem, terça-feira (14), Dia Internacional Contra a Exportação de Animais Vivos.

A data foi criada em 2016 pela Compassion in World Farming, que promove ações internacionais de conscientização sobre o assunto, depois que 13.000 ovelhas morreram durante uma viagem marítima da Romênia para a Somália.

Narrado pela ativista Luisa Mell, o documentário “Exportação Vergonha” mostra imagens inéditas de investigação sobre a passagem pelo Brasil, em março de 2022, do Mawashi Express, o maior navio de transporte de animais vivos do mundo. O filme traz entrevistas e dados para contextualizar o tema com base em um relatório investigativo produzido pela ONG, em parceria com a agência independente de jornalismo Repórter Brasil.

“O objetivo é potencializar o despertar da consciência da população brasileira e internacional para a urgente necessidade do banimento desta atividade econômica, que é uma das piores da indústria devido ao extremo sofrimento dos animais, além de impactos negativos ambientais e sociais”, diz em nota Cristina Mendonça, diretora executiva da Mercy For Animals no Brasil.

O lançamento, que ainda terá a data anunciada, faz parte de uma campanha mais ampla pelo fim da prática, que conta também com uma petição pública criada pela própria ativista Luisa Mell. O documento que angaria assinaturas no site Change.org busca pressionar o Congresso Nacional a aprovar um dos três projetos de lei que visam proibir, em todo o território nacional, a exportação de animais vivos para morte: o PL 357/2018, o PL 3093/2021 e o PL 3016/2021.

Segundo o relatório, atualmente, o Brasil é o segundo maior exportador de animais vivos por via marítima, o segundo maior fornecedor do Oriente Médio e o maior fornecedor do Norte da África. A cada ano, ao redor do mundo, cerca de 11 milhões de bois e vacas são exportados vivos para serem mortas. Uma parte significativa (18%) desses animais é transportada em navios por longas distâncias a partir de portos localizados na Oceania e na América do Sul.

Antes de chegarem ao porto para a viagem, com frequência os bois têm que enfrentar longas e debilitantes viagens de caminhão, principalmente na região Norte do Brasil. Grande parte das fazendas fornecedoras nessa região localizam-se a centenas de quilômetros das estações de pré-embarque (EPEs), locais em que os animais permanecem por dias ou semanas, até serem transportados para o porto.

Se a pandemia da Covid-19 cobrou sua dose de confinamento da sociedade, para os animais transportados vivos a situação ficou mais dramática. Os mais de 2 bilhões de animais, incluindo vacas, ovelhas, cabras, porcos e galinhas, exportados a cada ano ficaram presos em trânsito por muito mais tempo do que o esperado. Para além dos danos ao bem-estar animal, situações como essa também são um campo fértil para problemas sanitários e doenças.

Atentos ao risco, vários países estudam propor a proibição da exportação de animais vivos. Em agosto do ano passado, o Reino Unido anunciou que colocaria um fim à prática. No mesmo ano, a Nova Zelândia disse que encerraria a exportação de bois por mar a partir de abril de 2023, citando preocupações com danos à reputação do país em bem-estar animal.

Fonte: Um Só Planeta

Você viu?

Ir para o topo