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DENÚNCIA

Documentário espanhol expõe tortura sistemática em laboratório de experimentação animal

Uma ativista infiltrada enfrentou 18 meses de terror psicológico para documentar os maus-tratos e crueldade aos animais 

25 de junho de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Divulgação/Prime Video

Um ano e meio de gravações clandestinas. Mil horas de imagens brutais. Cães da raça beagle gritando de dor, macacos presos em gaiolas minúsculas, porcos submetidos a procedimentos invasivos sem anestesia adequada. Essa é a realidade exposta no documentário espanhol “Infiltrada en el búnker”, que revela os horrores do laboratório espanhol Vivotecnia – um “bunker” onde animais eram torturados diariamente em pesquisas.

Em 2021, a ativista Carlota Saorsa (nome fictício para proteger sua identidade) arriscou sua vida para infiltrar-se no laboratório madrilenho, documentando práticas ilegais, abusos físicos e psicológicos, e total desrespeito ao sofrimento animal. Ela passou 18 meses infiltrada, enquanto a maioria das pessoas não aguenta cinco meses.

“Para contar a verdade, você precisa atravessar esses muros. Era nisso que Carlota pensava. Há muito ostracismo, e acredito que agora o público poderá questionar. O espectador precisa entender que o que aconteceu ali não é um caso isolado”, afirmou Pablo de la Chica, diretor do documentário.

Suas imagens mostram beagles sendo repetidamente usados em testes dolorosos, muitos deles com feridas abertas e infecções não tratadas, macacos confinados em jaulas imundas, exibindo comportamentos de estresse extremo, como automutilação, funcionários batendo em animais e humilhando-os verbalmente, e procedimentos sem analgesia.

O diretor disse que precisaram selecionar cuidadosamente quais imagens incluir no documentário, tanto por questões legais quanto para não traumatizar o público. “Algumas cenas eram tão brutais que a Prime Video ofereceu apoio psicológico à equipe durante a edição”, contou Pablo.

Um dos casos mais chocantes mostra um cão sendo operado repetidamente sem necessidade, apenas para justificar financiamento.

Apesar das provas, o laboratório retomou suas atividades em junho de 2021, após a Comunidade de Madrid alegar “correções”. O caso ainda aguarda julgamento, mas Carlota, agora sob proteção policial, segue traumatizada.

“Isso é comum entre quem trabalha em laboratórios ou matadouros. Três anos depois, uma imagem pode voltar à mente e te destruir no dia seguinte”, disse Pablo.

Apesar dos traumas, Carlota não se arrepende. Segundo Pablo, ela tem uma coragem incomum e não vai parar “até que a última gaiola esteja vazia”.

O documentário será lançado no Prime Video Espanha a partir de 27 de junho, mas ainda não tem data para lançamento no Brasil.

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