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FIM DA EXPLORAÇÃO

Prefeito Ricardo Nunes sanciona projeto aprovado na Câmara que proíbe corridas de cavalo na capital paulista

28 de junho de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) sancionou nessa quinta-feira, dia 27, projeto aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo um dia antes, em segunda e definitiva votação, que determina a proibição da realização de corridas de cavalos com apostas na capital paulista. O projeto de lei pode impactar diretamente na permanência e nas atividades do Jockey Club de São Paulo, cuja transformação em parque municipal foi incluída na nova lei do Plano Diretor depois de votada pelos vereadores já em segunda instância, no ano passado.

O projeto de lei é de autoria do vereador Xexéu Tripoli (União Brasil), e estabelece que a promoção das corridas terá um prazo de 180 dias para cessar as atividades, contados a partir da publicação da lei. Em caso de descumprimento, é determinada uma advertência inicial.

No caso de primeira reincidência, é prevista uma multa de R$ 100,00, multiplicados pela capacidade de frequentadores do espaço. Além disso, se ocorrer demora superior a 30 dias para a regularização, determina-se a suspensão do alvará de funcionamento do hipódromo.

Apesar dessas disposições do projeto, os ânimos se acirraram já a partir desta quinta, logo após a sanção do prefeito. O presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), que inexplicavelmente tomou o assunto como pessoal, declarou ontem que irá ao hipódromo junto de agentes do Controle de Zoonoses e da Polícia para impedir a realização das corridas já nesta sexta-feira e no sábado.

Em sua primeira manifestação pública, a diretoria do Jockey Club lamentou a aprovação do projeto. “Além de demonstrar total desconhecimento sobre o esporte, a proposta sinaliza para a população um claro interesse em tentara desconstruir a história centenária do Jockey Club de São Paulo, bem como de abrir espaço para absurda tentativa de desapropriar o terreno do Hipódromo de Cidade Jardim para possível especulação imobiliária”, afirmou a entidade, que anunciou ainda a tomada das “medidas legais cabíveis para garantir seus direitos”.

Fonte: IpoNews

Nota da Redação: cavalos explorados em provas de hipismo são submetidos a condições que superam os seus limites físicos. Muitos deles são obrigados a competir desde os dois anos de idade, quando os sistemas ósseo e muscular do animal ainda não está completamente formados. Lesões, fraturas e dores, que logo se tornam crônicas, são comuns.

Pressionados por seus adestradores e pelas altas quantias de dinheiro envolvidas, esses animais são obrigados a participar de treinamentos longos e exaustivos que têm como única função prepará-los para torneios, para que todo o investimento financeiro gere lucro. Cavalos e éguas que participam de provas de equitação não são atletas, são escravos.

Estudos apontam que o esforço das corridas leva a sangramento nos pulmões e na traqueia (HPIE – Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício), além de claudicação, dor intensa nas patas causadas por baixo fluxo sanguíneo que também pode estar associada a doenças cardíacas. Quando sofrem fraturas, o ossos podem se partir em vários fragmentos.

O sacrifício de cavalos feridos é sempre a primeira opção, mesmo quando há sugestões de tratamento. Um cavalo ferido, mesmo recuperado, não poderá mais participar de corridas e gerar lucro aos seus algozes, então os gastos veterinários são minimizados e dispensados. Quando não são mortos a tiros, são encaminhados para matadouros.

A prova disso foi uma investigação recente feita pela BBC que descortinou os bastidores do destino de cavalos explorados em corridas. Cavalos que ajudaram jóqueis a ganhar troféus e muito dinheiro no passado, são enviados para frigoríficos para serem mortos para a fabricação de ração ou para consumo humano.

O hipismo não é diferente de nenhuma outra indústria que abusa, maltrata e explora animais. O glamour das competição de equitação é apenas uma alienação elitizada que não encontra mais espaço na sociedade contemporânea e precisa ser descontruído, combatido e proibido. Infelizmente, provas disso não faltam.

Em 2011, o cavalo cavalo Hickstead, de 15 anos, desmaiou durante a Copa Mundial de Saltos a Obstáculos de Verona, na Itália, e teve diversas convulsões diante do público. Ele não sobreviveu e a causa da morte foi divulgada como aneurisma. Em 2012, um cavalo morreu em Tarragona, na Espanha, após ser obrigado a saltar sob obstáculos até a exaustão.

Nas Olímpiadas de 2014, um cavalo sofreu um infarto fulminante no início da prova de equitação. Ocasionalmente, jóqueis também são as vítimas da prática. Nas provas de classificação para as olímpiadas de 2016, a jóquei Caitlyn Fischer, de 19 anos, morreu após o cavalo que montava errar um dos obstáculos.

Qualquer prática que se considere esportiva precisa estar relacionada com o desenvolvimento, a superação e a evolução do ser humano. Nenhuma atividade que cause dor, sofrimento e escravize seres indefesos deve ser classificada como esporte pela sociedade. Que a morte desses cavalinhos se tornem um símbolo e estimule a proibição do hipismo.

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