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ALERTA

DNA de 2 milhões de anos dá pistas de efeitos das mudanças climáticas

Os fragmentos são 1 milhão de anos mais antigos do que o registro anterior de amostras de DNA de um osso de mamute siberiano

9 de dezembro de 2022
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Reconstrução da formação København há 2 milhões de anos, em uma época em que a temperatura era significativamente mais quente do que o norte da Groenlândia hoje | Foto: Beth Zaikenjpg/ Universidade de Copenhague

Um DNA de 2 milhões de anos foi identificado no osso de um mamute siberiano datado da Era do Gelo, no norte da Groenlândia. A descoberta foi feita por uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, e pode ajudar a prever o custo ambiental a longo prazo do aquecimento global.

Publicado na revista Nature nesta quarta-feira (7), o estudo descreve os resultados da análise de 41 amostras utilizáveis ​​encontradas escondidas em argila e quartzo que se acumularam ao longo de 20 mil anos. O material foi achado na Formação København, um depósito de sedimentos de quase 100 metros de espessura, que fica na foz de um fiorde no Oceano Ártico, no norte da Groenlândia.

Os fragmentos são 1 milhão de anos mais antigos do que o registro anterior de amostras de DNA de um osso de mamute siberiano. Os pesquisadores compararam cada fragmento de DNA com extensas bibliotecas de DNA coletadas de animais, plantas e microrganismos atuais, e incluíram amostras genéticas de renas, lebres, lemingues, bétulas (árvore) e choupos (arbusto) nos fragmentos.

Os pesquisadores conseguiram identificar que o Mastodon, um mamute da Era do Gelo, chegou até a Groenlândia antes de ser extinto. Até então, pensava-se que o alcance de animais parecidos com elefantes não se estendia até a ilha nórdica.

Impressão artística da Formação København — Foto: Beth Zaiken/ Universidade de Copenhague

“Só quando uma nova geração de equipamentos de extração e sequenciamento de DNA foi desenvolvida é que conseguimos localizar e identificar fragmentos de DNA extremamente pequenos e danificados nas amostras de sedimentos”, relata Kurt Kjær, professor da Universidade de Copenhagen, em comunicado. “Significa que finalmente conseguimos mapear um ecossistema de 2 milhões de anos.”

Para a equipe, os resultados mostram que aquele ecossistema existia em temperaturas consideravelmente mais altas do que as de hoje o mesmo local, e que o clima parece ter sido semelhante ao que se espera no futuro devido ao aquecimento global.

“Um dos fatores-chave aqui é até que ponto as espécies serão capazes de se adaptar à mudança nas condições decorrentes de um aumento significativo da temperatura”, diz Mikkel W. Pedersen, da Universidade de Copenhagen. “Os dados sugerem que mais espécies podem evoluir e se adaptar a temperaturas muito variadas do que se pensava. Mas, crucialmente, esses resultados mostram que eles precisam de tempo para fazer isso”

O alerta do pesquisador é que a velocidade do aquecimento global de hoje significa que organismos e espécies não têm esse tempo, então a emergência climática continua sendo uma grande ameaça à biodiversidade e ao mundo, colocando a extinção no horizonte para algumas espécies, incluindo plantas e árvores.

Fonte: Galileu

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