Por Walkyria Rocha (da Redação)

Enquanto os zoológicos se orgulham do nascimento de novos bebês panda e de filhotes de tigre, problemas nos bastidores levam espécies menos carismáticas à morte, outras escapam e atacam-nos ou uns aos outros. O National Zoo, zoológico administrado indiretamente pelo governo dos Estados Unidos, está passando por uma situação similar, como resultado do que alguns acreditam ser má gestão do local, mas que se mostra como um problema inerente aos zoológicos em geral. As informações são do Care2.

O zoológico é de propriedade do Smithsonian Institution (administrada pelo governo dos Estados Unidos) e foi credenciado novamente em setembro pela Associação de Zoológicos e Aquários, mas tem tido alguns problemas no último ano.

Um porco do rio vermelho fêmea chamada Holly morreu de uma infecção depois de perder um quarto de seu peso em oito semanas, o que foi atribuído à nutrição inadequada. Após sua morte, um kudu grávida, estando assustada com alguma coisa, quebrou o pescoço depois de bater contra uma parede e morreu.

Nenhuma dessas mortes foi divulgada, porque esses animais não eram de exposição para o público, e o zoológico divulgou em seu site que, normalmente, só são divulgados “as mortes e os nascimentos de animais, que pertencem a uma espécie em extinção ou que contribuem de forma significativa para a conservação da suas espécies e animais que são particularmente bem conhecidos”.

Independentemente disso, pescoços quebrados parecem ser um tema recorrente aqui. A gazela Dama também morreu depois de bater contra a parede de um compartimento, quando estava assustada com uma zebra Grevy que atacava um tratador em um cercado ao lado, o que resultou na hospitalização do tratador devido a ferimentos graves. Na época, o zoológico afirmou que era contra a política para os funcionários do zoológico terem contato direto com zebras, mas mesmo assim não irá liberar o relatório do incidente ou qualquer outra informação para o público.

Curiosamente, esta semana, um jovem cavalo Przewalski no Instituto de Conservação Biológica do zoológico em Front Royal, Virgínia, também foi encontrado morto ao longo de uma linha de cerca. De acordo com a CBS, uma “necropsia preliminar revelou uma fratura traumática de seu pescoço”.

Alguns fugitivos, incluindo um panda vermelho e um abutre cujas asas não foram devidamente tosadas , junto com dois calaus terra abissínios foram mantidos em ambiente fechado, em um galpão, durante oito meses, porque seus cercados não estavam prontos; isso também fez parte da lista de problemas .

Em junho passado um voluntário levantou preocupações sobre os cuidados com os animais junto a Dennis Kelly, diretor do zoológico e Don Moore, o diretor de Ciências do Cuidado Animal, que criou uma comissão para conduzir uma investigação interna sobre estes incidentes. A investigação, que acaba de ser divulgada, descobriu que “os cuidados com os animais e a organização geral, prestação de contas, acompanhamento e comunicação estão falhando de maneira grave” e solicitou uma revisão junto ao Congresso.

A conclusão de Kelly era de que os recursos e os funcionários do zoológico são insuficientes, como resultado de cortes no orçamento, relata o Washington Post. Se for esse o caso, o zoológico deveria estar bem ciente de sua capacidade e deveria ter feito esforços para levar os animais para outro lugar se não podia cuidar adequadamente deles, ao invés de ter adquirido outros.

De acordo com a CBS News, outras cinco instituições com mais de 35 anos de experiência no Zoológico Nacional deram continuidade às preocupações com esses incidentes, que acreditam ser resultado da decisão do zoológico em dobrar a quantidade de animais do Estação de Conservação da Chita sem adicionar novo espaço, além de misturar espécies e gêneros que teria sido fácil de prever que não se dariam bem uns com os outros .

Depois que as reclamações foram feitas, os calaus foram morar com um wallaby (canguru pequeno) que, segundo fontes, “passou a sangrar pelo nariz e a ficar a maior parte de seu tempo assustado e escondido”.

“Você não ouve dizer que isso acontece em zoológicos de todo o país e, certamente, não deveria estar acontecendo aqui no nosso Zoo Nacional”, disse Cathy Liss, presidente do Instituto de Bem-Estar Animal, à CNN.

Enquanto isso, o zoológico gastou US$ 4,5 milhões para pesquisas sobre pandas gigantes e seu programa de reprodução, além de gastar 56 milhões de dólares em um novo complexo para elefantes.

Nota da Redação: Nenhum zoológico tem o necessário para a vida saudável de um animal. Uma prova disso são os gastos exorbitantes em pesquisa de pandas e elefantes, animais que dão mais visibilidade e lucro para os zoológicos, e a negligência com diversos outros que não têm o mesmo status “exótico”. Retirar a liberdade dos animais, mantê-los como mercadorias em exposição e tratá-los extremamente mal não é uma característica do National Zoo, mas sim de qualquer zoológico. Partir do pressuposto que a vida animal pode ser comercializada não deixa possibilidade  de um tratamento digno às vítimas do zoológico.