Daniel Labadia
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No dia 25 de dezembro uma de nossas protetoras voluntárias foi até o Clube Escola Vila Manchester para fazer a limpeza diária do canil, – onde se encontravam os 17 cães resgatados ali mesmo, onde a população local e nem tão local, comete o crime de abandono – mas foi impedida pelos seguranças de entrar no clube. Eles alegaram que o diretor atual, Sr. Marcio Issa de Oliveira, havia determinado que ninguém mais entrasse no canil e que os cães seriam todos levados para fora do clube.
Alguns anos atrás, nós percebemos que esse problema vinha ocorrendo com freqüência nesse clube: os cães ficavam vagando soltos pelo local, doentes, machucados, brigavam por cadelas no cio e sofriam até agressão física de usuários, etc. Resolvemos fazer algo por eles. A princípio fomos tratando de doenças de pele e outras complicações caninas e depois castrando os cães.
Nesta época, o então diretor, Sr. Raul, entendeu nossa intenção e nos apoiou. Indicou um lugar dentro do clube onde poderíamos fazer um canil para que os cães não ficassem soltos pelo clube e inibir novos abandonos. Sabíamos que isso não poderia ser permanente, já que tínhamos ciência da proibição de manter cães dentro de um clube público. A intenção era a de tratá-los e deixá-los prontos para serem levados a feiras de doação, a fim de terminar ou administrar bem o problema.
O Diretor Sr. Marcio Issa de Oliveira, a mando de Aléssio Gamberini Júnior (secretaria municipal dos esportes e lazer de São Paulo/coordenador de gestão estratégica dos equipamentos – [email protected]), que por sua vez é subordinado do Sr. Walter Feldman (Secretario Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo – [email protected]), tirou deliberadamente todos os cães do recinto onde estavam , com o intuito de iniciar obras de benfeitorias no clube, mas não contactou nem a nós nem ao Centro de Zoonoses de São Paulo para tomar qualquer decisão – registre-se que o Centro de Controle Zoonoses já havia comparecido ao local por duas vezes e, atestado que o local estava limpo e os cães bem tratados, não haveria motivo para que fossem recolhidos.
Em nenhum momento, dentro de um prazo de duas semanas, nos foi informado para onde os cachorros haviam sido levados. Ou seja, eles estavam, sem dúvida nenhuma, sem assistência alguma. Depois de três semanas e muita pressão, nos informaram onde estavam os cães e pudemos (eu e uma veterinária) visitá-los. Os cães foram soltos dentro de uma escola desativada que pertence ao governo do estado onde encontramos uma situação caótica. Lá trabalham seguranças contratados que não deixam ninguém entrar.
Os cães só são alimentados e o recinto quase não é limpo. Um dos cães tinha até um corte profundo de pele que já está sendo tratado. Os seguranças não estão autorizados a deixar mulheres entrarem para limpar o lugar, alegam que a vizinhança não pode saber que existem cães ali e que podem pensar “coisas” a respeito deles. A maior parte dos voluntários é formada por mulheres, e eram elas que limpavam o canil dentro do clube, todos os dias.
No momento, estamos lutando para achar algum lugar para colocar esses cães e salvá-los deste novo abandono. Acuso a Secretária Municipal de Esportes e Lazer, nas figuras acima citadas, de “empurrar problemas internos” para local de não jurisdição da prefeitura, a fim de empurrar “sujeira embaixo do tapete” em ano eleitoral. Claro que até outubro todos os clubes escola de São Paulo, vão ficar lindos e atrativos para a população, mas a que preço isso vai ocorrer?
Quantos outros protetores de São Paulo devem estar passando pelo mesmo problema? Desde quando o problema de abandono de cães em bairros de periferia de São Paulo pode ser tratado dessa forma? Acredito que todos nós protetores, ONGs e ativistas devemos nos unir, montar uma comissão e pressionar a prefeitura para que seja criado um órgão ou secretaria especifica para tratar de abandono e maus-tratos de animais em São Paulo.
Não é possível que uma cidade deste tamanho não tenha nenhum planejamento para tratar de tal problema, diretamente ligado ao urbanismo e ambientalismo, e problema de toda a sociedade. Não é possível que esse problema recaia somente sobre os protetores de animais que, em sua maioria, passam por muitas batalhas financeiras. Defendo que temos que lutar pela liberação dos animais de forma mais lógica e mais política, porque a luta dos protetores independentes é muito solitária e se foca exclusivamente no animal, sendo que o Estado e a Prefeitura são obrigados a administrar esse problema que é de ordem social e afeta a todos.
Digo também que é impossível obter uma audiência com o Sr. Walter Feldman, me parece que ele sempre tem coisas “mais importante a tratar”.
Daniel Labadia
(11) 9316-0749