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ESTUDOS

Diminuição de nuvens pode explicar os últimos dois anos de calor recorde, apontam cientistas

Novos estudos relacionam menor reflexão do sol com aumento de temperatura no planeta

18 de fevereiro de 2025
Shannon Osaka
5 min. de leitura
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Nuvens em Arlington, no estado americano da Virgínia. Foto: Matt McClain/The Washington Post

Nos últimos anos, os cientistas observaram, horrorizados, o aumento das temperaturas globais —com os anos de 2023 2024 atingindo cerca de 1,5°C acima da média pré-industrial. De certa forma, esse calor recorde era esperado: os cientistas previram que o El Niño, combinado com a diminuição da poluição do ar que resfria a Terra, causaria um aumento nas temperaturas.

Mas mesmo esses fatores, dizem os cientistas, não são suficientes para explicar o calor recorde recente do mundo.

Dois novos estudos oferecem uma explicação potencial: menos nuvens. E a diminuição da cobertura de nuvens, dizem os pesquisadores, poderia sinalizar o início de um ciclo de retroalimentação que leva a mais aquecimento.

“Adicionamos uma nova peça ao quebra-cabeça de para onde estamos indo”, disse Helge Goessling, físico do clima no Instituto Alfred Wegener, na Alemanha, e autor de um dos estudos, em uma entrevista em vídeo.

Por anos, os cientistas têm lutado para incorporar a influência das nuvens nos modelos climáticos em larga escala que os ajudam a prever o futuro do planeta. As nuvens podem afetar o sistema climático de duas maneiras: primeiro, suas superfícies brancas refletem a luz do sol, resfriando o planeta. Mas as nuvens também atuam como uma espécie de cobertor, refletindo a radiação infravermelha de volta para a superfície do planeta, assim como os gases de efeito estufa.

Qual fator prevalece depende do tipo de nuvem e de sua altitude. Nuvens cirrus altas e finas tendem a ter mais efeito de aquecimento no planeta. Nuvens cumulus baixas e fofas têm mais efeito de resfriamento.

“As nuvens são uma alavanca enorme no sistema climático”, disse Andrew Gettelman, cientista afiliado da Universidade do Colorado, em Boulder (EUA). “Uma pequena mudança nas nuvens pode ser uma grande mudança em como aquecemos o planeta.”

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