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Com dificuldades, entidades defendem cães abandonados em Cuiabá (MT)

22 de junho de 2015
8 min. de leitura
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Bruno Cidade/MidiaNews
Bruno Cidade/MidiaNews

Ampliam-se na Capital os grupos de apoio aos cães e gatos abandonados, formados por defensores de animais.
Organizações Não Governamentais (ONGs) e cuidadoras, que desenvolvem projetos próprios de abrigos, sobrevivem a partir de doações para tratamento e alimentação dos animais, enquanto esperam que eles sejam adotados.
Com o auxílio dessas organizações, os cães veem os maus-tratos e o abandono serem transformados em afeto e carinho. Ao invés de carrapatos e das pulgas, eles agora possuem pelos limpos e cheirosos e aguardam a chegada de um novo tutor.
A professora Angela Furtado e a funcionária de pet shop, Elizângela Ribeiro, uniram o amor aos cães e a vontade de defendê-los de maus-tratos para fundarem um pequeno abrigo, o “Cão Cuidado e Cão Amor”.
“Sempre fomos apaixonadas por animais, nossas famílias também gostam. Por isso, criamos o abrigo, que funciona através de doações e ajuda de veterinários”, explicou Angela.
Atualmente, o abrigo possui nove cães e 79 gatos, que ficam em cômodos improvisados na casa da professora.
O “Cão Cuidado e Cão amor” mantém-se, além de doações realizadas aos animais, a partir das vendas realizadas por um brechó, que fica ao lado do abrigo e tem toda a venda revertida ao projeto.
Os gastos mensais do abrigo, conforme as protetoras, chega a R$ 4 mil – valor rateado entre as vendas do brechó, apoio de veterinários parceiros e doações realizadas por padrinhos do projeto.
Segundo as cuidadoras, a história de alguns dos cães que estão no abrigo surpreendem. Elas relatam que muitos deles chegaram sem esperança de sobreviver. Porém, após receberem cuidados específicos, conseguiram ser resgatados de doenças graves, como grandes tumores.
“Alguns foram abandonados no lixo. Teve uma que foi amarrada no quintal de casa pela própria tutora, que mandava os filhos agredirem a cadela”, relembrou Angela.
Bruno Cidade/MidiaNews
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Os animais maltratados que chegam ao novo lar passam por tratamentos, cuidados de banho e tosa e passam a se alimentar corretamente. A partir de então, eles ficam à espera de um novo lar.
“Nós sabemos que muitos deles dificilmente serão adotados, por causa da idade. Muitas pessoas acham que o cachorro mais velho não merece ser adotado”, lamentou a professora.
Segundo Elizângela, no momento da adoção, é levada em consideração se a pessoa interessada entende a importância dos cuidados com os animais, antes do cão ou do gato ser entregue à ela para ser criado.
“Quem adota precisa entender que os cães são para ser cuidados enquanto existirem. O animal não é algo descartável”, disse Elizângela.
Dificuldades constantes
Além das protetoras, há também associações que vivem de doações e abrigam grandes números de animais. No entanto, as dificuldades financeiras para manter tais unidades são as mesmas.
Em Cuiabá, a Organização de Proteção Animal de Mato Grosso (Opa-MT) cuida de aproximadamente 200 cães abandonados e sobrevive por meio de doações.
A iniciativa surgiu em 2012, por meio de um grupo de voluntários. Eles trabalham com resgate de cães e gatos que estão em situação de abandono.
A entidade não possui fins lucrativos e desenvolve ações para que os animais possam encontrar um novo lar. Porém, segundo a coordenadora da organização, Michelle Scopel, as dificuldades tornaram-se constante na associação.
De acordo com ela, o grande número de cães já abrigados tem dificultado a manutenção do local, que não possui mais capacidade para receber novos animais.
“Não estamos mais resgatando os animais, somente se for um caso extremo, porque estamos sem espaço. Necessitamos de uma nova sede para abrigá-los ”, afirmou.
Bruno Cidade/MidiaNews
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Conforme a coordenadora, a entidade gasta de R$ 8 mil a R$ 10 mil por mês para se manter ativa – isso sem contar despesas com clínicas veterinárias e toneladas de ração.
Atualmente, segundo Scopel, a Opa-MT possui dívida de R$ 20 mil.
Adoção
A coordenadora explicou que a adoção dos cães e gatos da ONG são feitas a partir de um cadastro, que deve ser realizado no próprio site da entidade.
A partir de então, são realizadas entrevistas com o interessado e visita à residência onde o animal deverá ficar. A vistoria, segundo ela, é necessária para impedir novos casos de maus-tratos com os animais já resgatados.
“Não acredito que seja um processo complicado. Se a pessoa realmente quiser adotar, cumprirá os itens. Há muita gente que pega por impulso. Não queremos cuidar de animais maltratados para depois doá-los a alguém que não terá responsabilidade”, afirmou.
Risco de fechamento
Entre os animais resgatados pela Opa-MT, 25% não estão em condições de adoção, por serem cães e gatos idosos ou com saúde debilitada.
A Opa-MT oferece tratamento e acompanhamento aos animais, porém, caso não consiga suprir as necessidades, a unidade poderá ser fechada.
“Se a gente não conseguir ajuda para a construção da nova sede, infelizmentem vamos fechar a unidade. Não sabemos qual será o destino dos animais que vivem aqui”, lamentou.
As doações à ONG podem ser feitas através do Facebook (Opa-MT) ou do PetShop Dog Mania, na Rua Marechal Deodoro, que recolhe itens doados à entidade.
Maus-tratos e abandono são crimes
Em Cuiabá, não há leis ou projetos específicos para animais domésticos. Porém, a Capital obedece Lei Federal sobre crimes ambientais.
No decreto, torna-se crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
A lei prevê detenção de três meses a um ano para quem praticar maus-tratos. Caso o animal morra em decorrência da situação, a pena é aumentada.
Conforme lei federal, configuram-se maus-tratos utilizar animais em shows, agredir fisicamente um animal indefeso, mantê-lo trancafiado em local pequeno, provocar envenenamento, golpear, ferir ou mutilar voluntariamente um animal.
Não procurar veterinário em caso de doença também configura-se como crime, assim como abandoná-lo em caso de enfermidade ou mantê-lo acorrentado permanentemente.
A Polícia Civil orienta a população a denunciar os crimes de maus-tratos e abandono de animais à Delegacia de Meio Ambiente de Cuiabá (Dema).
De acordo com o investigador da Dema, Renato Santiago, tais práticas configuram crime e devem ser investigadas.
“Os maus tratos são crimes, infringem a Lei Federal, por isso, o envolvido responde um termo circunstanciado e é acionado na Delegacia de Meio Ambiente, para prestar esclarecimentos”, disse.
Infelizmente, segundo o policial, as denúncias de violências contra animais são comuns.
“Se o crime de maus-tratos for comprovado, a Polícia apura a situação e, a partir de então, a pessoa responderá por crime ambiental”, explicou.
Após o relato dos envolvidos, a Delegacia repassa o caso ao Juizado Especial Volante Ambiental de Cuiabá (Juvam), onde o juiz definirá a pena aplicada.
Bruno Cidade/MidiaNews
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Críticas à Zoonoses
Outra opção para cuidados dos animais na Capital é o Centro de Controle de Zoonoses. No entanto, o órgão, de responsabilidade da Secretaria de Saúde de Cuiabá, é alvo de críticas por parte dos protetores de animais. Eles afirmam que o Centro maltrata os animais.
“O Zoonoses é um matadouro de animais resgatados. Se o cão ou gato estiver muito doente, eles fazem morte induzida, por isso, há protetores que vão lá para resgatar e salvar os animais”, afirmou a protetora Ângela Furtado.
A coordenadora do Zoonoses, Alessandra Carvalho, negou os maus-tratos e afirmou que o centro realiza atendimentos a partir de solicitações da população. Segundo ela, são feitas ações com cães e gatos de Cuiabá.
“Vacinamos os animais contra a raiva, avaliamos os cães e gatos, realizamos visitas às casas e fazemos exames de leishmaniose canina [causada por um parasita que se instala na medula óssea, nos gânglios linfáticos, no baço, no fígado e na pele”, disse.
Ela afirmou que, atualmente, o local não realiza recolhimento dos animais por causa da falta de um veículo. A “carrocinha” teve de ser aposentada, em razão da precariedade em que encontrava-se o veículo.
“Não estamos com veículo apropriado para recolher os animais das vias públicas. Nosso carro estragou e não está em condições para ser colocado na rua”, disse.
Quanto às críticas à prática de morte induzida com os animais, a coordenadora do centro afirmou que isso ocorre apenas em casos em que outra solução não é possível, em razão da pouca estrutura que o local possui.
“Essa prática [morte induzida] obedece a diretrizes do Ministério da Saúde. Não possuímos materiais nem medicamentos para realizar os tratamentos desses animais”, justificou.
Neste ano, conforme Carvalho, o Zoonoses recebeu 35 animais. Porém, nem todos eles teriam sido mortos.
“Não é qualquer animal que sofre morte induzida. Falta esclarecimento por parte de quem diz isso. Não provocamos nenhum tipo de matança”, afirmou.
Fonte: Mídia News

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