A procura por uma alimentação que dispense produtos de origem animal tem aumentado no mundo dos esportes. “É cada vez maior o número de atletas vegetarianos, devido aos costumes religiosos e culturais, crenças étnicas ou filosóficas, e devido à busca por uma vida mais saudável”, afirma Patrícia Bertolucci, uma das precursoras da nutrição esportiva no país. Como esse tipo de esportista não se alimenta de carnes e em alguns casos dispensa até de derivados do leite, caso dos veganos, uma série de cuidados devem ser tomados para que não faltem nutrientes e energia.
Escalador e ex-capoeirista, Plínio Bonfim, 31 anos, formado em nutrição, começou a se tornar vegetariano há 8 anos, período em que iniciou a prática da escalada. “Fui abandonando a carne gradualmente e há uns 6 anos eu deixei de comer carne completamente”, recorda. Talvez por ser nutricionista, Plínio sabe bem a importância da reposição de algumas substâncias na dieta dos que não ingerem carnes. “Eu tenho que substituir a proteína por outras fontes que não sejam a carne. No meu caso, ainda como ovo. E uso também muito cereal integral, arroz com feijão, soja e quinua”, revela o escalador, que treina três vezes por semana na academia e uma vez por semana faz escalada ao ar livre.
A nutricionista Priscila Di Ciero é uma das que defende o vegetarianismo entre quem pratica atividades físicas. “As pesquisas mostram que não há diferença entre ser vegetariano ou onívoro (que se alimenta de animais e vegetais). O cardápio vegetariano, quando bem feito, é naturalmente rico em vitaminas, minerais, antioxidantes e carboidratos, que são a base da alimentação de qualquer atleta, e pode ser útil e mais saudável”, defende Priscila.
Para suprir os nutrientes fundamentais para qualquer pessoa como proteínas, zinco e ferro e evitar riscos à saúde, o atleta vegetariano deve buscar alimentos nutritivos. “A base da alimentação tem que ter bastante frutas, verduras, legumes, arroz integral, grãos, lentilhas, feijão, soja e linhaça. E castanhas, de todos os tipos, que também são boas fontes de gordura, de vitaminas e minerais”, explica Priscila di Ciero. A nutricionista Serena Del Favero vai além: “Cereais ajudam, pois são fontes de carboidratos, que fornecem energia às células. Vale também o uso de suplementos, se for necessário.”
Curiosidade
Raridade no futebol
Encontrar um jogador de futebol que seja vegetariano é tarefa quase impossível, como garante a nutricionista Silvia Torres, no Flamengo desde 1984, e na Seleção Brasileira desde 2001. “No futebol é muito raro. Não conheço ninguém.”
Em defesa dos animais
Os veganos são pessoas que seguem uma filosofia de vida baseada em conceitos éticos que têm como base a proteção aos direitos dos animais. Eles pregam o fim da escravidão animal e buscam evitar a exploração e abusos por meio de boicotes a quaisquer produtos de origem animal (alimentar ou não). Os veganos também não consomem nada que tenha sido testados em animais ou que inclua qualquer forma de exploração animal nos seus ingredientes ou processos de fabricação.
À base de frutas e verduras
» Carl Lewis
Eleito o “Esportista do Século” pelo Comitê Olímpico Internacional, o velocista vegano, nascido nos Estados Unidos, colecionou 10 medalhas olímpicas em provas de velocidade, sendo nove delas de ouro. Em 1991, bateu o recorde de 9,86 segundos na prova dos 100 metros rasos.
» Dave Scott
Foi seis vezes campeão do Ironman no Hawaii, a principal competição de triatlon no mundo, chegando em primeiro lugar em 1980, 1982, 1983, 1984, 1986 e 1987.
» Éder Jofre
O maior pugilista brasileiro de todos os tempos, vegetariano desde os 20 anos de idade, foi campeão mundial peso-galo em 1960 e do peso-pena em 1973 sem comer alimentos de espécie animal. Ele atribui a sua capacidade física, de resistência e força, à dieta vegetariana.
» Murray Rose
Considerado um dos maiores nadadores de todos os tempos, este escocês vegetariano conseguiu, logo aos 17 anos, três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1956, em Melbourne, na Austrália. Nos 400m livre, 1500m livre e 4 x 200m livre. Em 1960, nas Olimpíadas de Roma, também ficou com o ouro, nos 400m livre.
Alimentação rica em energia vital
A dieta verde é rica em carboidratos, que fornecem energia às células, e antioxidantes, como vitamina C, E e beta-caroteno, que defendem o tecido muscular do estresse provocado pelos exercícios. “O mito de que ser vegetariano significa correr o risco de ficar doente ou sem músculos deve ser quebrado. Se a alimentação for balanceada, raramente haverá problemas de falta de nutrientes”, ressalta a nutricionista Patrícia Bertolucci. “A dieta vegetariana é capaz de suprir as necessidades do corpo para que a saúde continue perfeita, ou até melhor, sem prejudicar a performance do atleta”, garante.
Com informações do Super Esportes