Os efeitos positivos do vegetarianismo estrito sobre à saúde humana foram novamente atestados pela ciência, desta vez através de uma pesquisa que concluiu que pessoas com dietas à base de vegetais têm chances 73% menores de desenvolver quadros clínicos graves após contrair a Covid-19. O estudo foi recentemente divulgado pela revista BMJ Nutrition Prevention & Health.
De acordo com os pesquisadores, aqueles que não adotam dietas à base de vegetais e consomem uma baixa quantidade de carboidratos e proteínas estão expostos a um risco quatro vezes maior – em relação aos vegetarianos – de ter uma infecção moderada ou grave após contrair o coronavírus.
Esse resultado, segundo a pesquisa, tem relação direta com os nutrientes dos vegetais. As dietas baseadas nesses alimentos possuem alto teor de fibra, vitaminas A, C, D e E, além de folato e minerais como ferro, potássio e magnésio. Outros estudos já concluíram que a suplementação desses nutrientes, em específico as vitaminas, reduziu o risco de desenvolver doenças respiratórias, resfriado comum e pneumonia, e tornaram menor o tempo de duração dessas doenças no organismo humano.
Metodologia
Para chegar à conclusão de que uma dieta à base de plantas é benéfica no combate aos quadros graves de coronavírus, pesquisadores se basearam em respostas dadas por 2.884 médicos e enfermeiros infectados. Os profissionais entrevistados atuam na linha de frente contra a Covid-19 em unidades de saúde no Reino Unido, na França, na Alemanha, na Itália, na Espanha e nos Estados Unidos. Do total de profissionais contaminados pelo vírus, 568 tiveram sintomas que variavam de leve ou muito leve a grave ou muito grave. Desses, 430 apresentaram sintomas leves ou muito leves e outros 138 tiveram reações de moderadas a grave – 254 tinham dietas à base de plantas e outros 294 consumiam animais marinhos como peixes.
Durante a pesquisa, os cientistas também produziram um questionário sobre frequência alimentar com 47 itens para diferenciar os padrões alimentares dos entrevistados. Foram considerados também outros fatores que levam a uma vida saudável ou prejudicam a saúde, como estilo de vida – se faz exercício físico, se é fumante, etc -, IMC e condições médicas coexistentes. Região demográfica, etnia e especialista médica também foram analisadas.
O estudo, entretanto, precisa ser aprimorado para contemplar mais mulheres, pessoas que não sejam profissionais da área da saúde e que tenham desenvolvido quadros clínicos mais graves após contraírem o vírus. Isso porque nessa pesquisa, 90% dos entrevistados eram homens médicos. Os pesquisadores alertaram ainda que a forma como as dietas são elaboradas pode variar de um país para o outro e que essa variação pode interferir no resultado.