Há casos que os tutores não querem dedicar um tempo especial para seu animal especial e acaba abandonando-o à própria sorte. A maioria dos futuros adotantes também prefere um animal aparentemente normal por puro preconceito. Os especiais não deixam nada a desejar.
Para quem se comove e se apaixona por animais cegos, sem pata, epiléticos, etc… Este informativo vai ajudar você a lidar com ele no dia a dia.
Encarando e entendendo a situação
Cães costumam se adaptar bem e rapidamente a problemas físicos, mesmo os mais drásticos e graves. Os tutores, obviamente, têm de adaptar suas vidas às dos cães que, afinal, têm necessidades especiais. Também vale a pena, não só pelo amor ao animal, mas pelas lições de paciência, altruísmo, satisfação e bem-estar por ser útil e fazer diferença na vida de alguém de quem gostamos.
Certas deficiências não incomodam tanto a quem as tem. Isto é, uma pessoa ou animal cega ou surda de nascença não anseia por visão ou audição, pois não pode sentir falta do que nunca teve e costuma reagir e se virar na vida usando os outros sentidos. O fato de um cão ser surdo, seja ou não de nascença, não significa que ele seja impedido de passear com o tutor. Igualmente para cães cadeirantes.
Esteja pronto para consolar o animal caso ele tenha se tornado cego, cadeirante ou adquirido outra deficiência. É natural que ele fique deprimido, e a melhor terapia é a ocupacional, continuando com as caminhadas e o máximo possível de brincadeiras. Homeopatia também pode ajudar a acalmá-lo.
Algumas dicas para cuidar
Socializar o cão, seja ele deficiente ou normal, é sempre importante. Como o especial necessita de mais cuidados, o ideal é conviver com ele dentro de casa. E não esqueça de inspecionar os ambientes para remover qualquer objeto que possa prejudicar um cão cego ou desatento, como galhos baixos, tábuas soltas, grandes fontes de água, escadas ou rampas muito lisas ou sem portões, móveis com cantos pontudos ou buracos no chão.
Evite também mudanças frequentes ou drásticas para não desorientar o animal. E o cão deve ser examinado todos os dias, afinal, ele não tem a mesma facilidade humana de expressar com precisão o que sente e, se tiver paralisia ou insensibilidade em partes do corpo, não sentirá dor. Portanto não poderá reagir a riscos de infecções, mesmo da forma simples, prática e bem canina de se lamber para curar ou minimizar feridas ou irritações.
É bom apresentar o cão a outros cães deficientes. Pode, inclusive, trocar experiências sobre o assunto com outros tutores. Mas, cuidado, ao apresentar o cão cego ou surdo a outros cães, há o risco dele estranhar e rosnar ou até morder. Se você tem outros cães ou gatos, uma boa ideia é colocar-lhes guizos no pescoço, para que o cão perceba que eles estão chegando. Você pode também prender com elástico guizos em um de seus próprios tornozelos, para o cão saber que você está próximo.
Guizos vão bem também em bolas para facilitar o cão deficiente visual a encontrá-las e brincar com elas, especialmente, e se ele não é cego de nascença e adorava brincar de bola quando enxergava. Assim como jogadores de futebol se tornam técnicos, um cão muito ativo que tenha se “aposentado” por invalidez poderá ter uma segunda carreira como cão terapeuta em hospitais ou casas de repouso.
Sempre “converse” com o animal e procure falar em um tom alegre e “para cima”, especialmente se ele for cego. O cão sente segurança da presença do dono pela voz. É verdade que eles são excelentes para afastar a tristeza humana, mas isso não significa que devamos contaminá-los com este sentimento.
Evite paparicar e proteger demais. Deixe o cão solto o suficiente para se divertir e aprender a se virar na vida.
Um cão deficiente precisa de mais atenção, cuidado e carinho, mas não de piedade de superior para inferior. Afinal de contas, o que é ser normal? Mais importante é ser feliz e não causar mal a outros seres.
Não devemos ter aquela piedade inferiorizante, mas, sim, saber conviver com as diferenças, aceitá-las para tratá-las de acordo. Não importa se você acredita que seu cão é deficiente pela vontade de Deus ou por acaso e determinismo histórico; é bom pensar no cão deficiente como sendo mais que portador de necessidades especiais. Um cão que já é ele mesmo especial.
Fonte: Journal Petit Enfant