O monitoramento realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros demonstra que nos meses de novembro a março há o aumento da população do mosquito transmissor da Leishmaniose – mesmo período que ocorre com a maior incidência da dengue.
“O monitoramento demonstra o aumento da população do mosquito transmissor da leishmaniose no período chuvoso e quente. Teoricamente é o período em que as pessoas e cães estão mais expostas às picadas dos insetos transmissores. Mas não se observa uma sazonalidade no aparecimento dos casos que se distribuem ao longo do ano devido as variações individuais no período de incubação da doença”, declara a veterinária do CCZ, Marília Rocha.
De acordo com Marília, a leishmaniose é infecciosa e existe dois tipos da doença, a visceral e tegumentar. A visceral, mais conhecida como calazar, acomete o fígado, baço e medula, além de causar febre, anemia, tosse seca, fraqueza, palidez e pode matar até 90% dos pacientes se não forem tratados. O cão é o principal reservatório da doença e atualmente ocorre mais na área urbana.
Segundo Marília, a leishmaniose tegumentar é mais frequente em zonas rurais e tem sido relatada em pessoas que praticam ecoturismo, escalada ou ainda sitiantes. A manifestação mais comum são lesões de pele ou acometimento das mucosas nasal e oral.
A veterinária diz que o programa de controle da leishmaniose visceral(LV)é orientado pelo Manual de Vigilância do Ministério da Saúde. As ações são executadas de acordo com a estratificação do risco da doença que é definido pela ocorrência de casos humanos.
“A cidade está dividida em 19 setores e a estratificação realizada em 2013 mostrou que nenhum setor registrou média superior 2,4 casos humanos, considerado médio risco, ou 4,4 casos do tipo alto risco. Esta situação demonstra que não temos surto localizado de LV na cidade”, afirma a veterinária que ressalta que de 2011 a 2013 foi registrado 16 casos humanos na cidade.
O controle em cães somente é recomendado nos setores de médio e alto risco e de acordo com Marília não tem nenhum setor classificado nesta situação e diz ainda que o monitoramento é realizado mensalmente em dez pontos quanto à densidade vetorial do mosquito.
“Atualmente estamos trabalhando em 32 bairros que tiveram as mais altas prevalências de calazar canino e ocorrência de casos humanos no período de 2009 a 2011, avaliando a eficácia da coleira impregnada com inseticida (Scalibor). Os cães são examinados e encoleirados a cada seis meses com o encerramento da pesquisa previsto para junho de 2015. Se os resultados forem satisfatórios o MS deverá incluir a coleira dentre as estratégias de controle da doença”, diz.
A área de controle da pesquisa é composta pelos bairros Vila Luiza, João Botelho, Sumaré, São Judas II, Dr. Antônio Pimenta, Dr. João Alves, Vila Telma, José Carlos de Lima, Conjunto Havaí, Maria Cândida, Morrinhos, Morrinhos I, Santa Rita I, Roxo Verde, Francisco Peres e Clarindo Lopes que segundo o CCZ, onde 4.598 cães foram examinados em 2013 e serão novamente avaliados até junho de 2014.
“Da mesma forma que o tutor tem obrigações de cuidar e levar o cão ou gato ao veterinário para tratamento, o mesmo ocorre para fazer o teste da doença no CCZ”, diz o coordenador afirmando que o município não consegue atender visitando todas as casas da cidade.
Fonte: G1