Após chocar o mundo com a matança de 1.400 golfinhos, novas imagens mostram a morte de mais 53 animais da espécie baleia-piloto, no porto de Kollafjordur. Dias antes, um vídeo mostrando a água do mar banhada de sangue durante uma caça de golfinhos pelos habitantes das Ilhas Faroé, se espalhou pela internet.
As novas imagens mostram os animais mortos com cortes grandes na cabeça, e com tripas esparramadas no chão do porto. Entre os golfinhos enfileirados na área, foi possível ver alguns de menor porte, parecendo filhotes.
O massacre anterior foi considerado um dos maiores já registrados e aconteceu durante a tradicional caça anual conhecida como Grindadrap, ou Grind. A crueldade fez com que até os habitantes mais tradicionais da ilha, ficassem contra esse tipo de caça, considerando-a desnecessária.
A caçada dos 53 golfinhos em Kollafjordur aconteceu há apenas 10 quilômetros de onde aconteceu a primeira matança. Segundo o portal DailyMail, são mortos anualmente 1.000 mamíferos marinhos na área, de acordo com dados das Ilhas Faroé, porém esse número agora chega a 1.461, causando vergonha até mesmo para quem é habitante da ilha.
Em relato nas redes sociais da emissora local Kringvarp Foroya, um ilhéu diz ficar enjoado só de ver esse tipo de coisa, enquanto outro diz ter vergonha de ser Faroense, a naturalidade de quem nasceu nas Ilhas Faroé.
Uma campanha contra essa rotina de caças tem sido feita pela organização de conservação marinha Sea Shepherd UK, sendo liderada pelo chefe de operações, Rob Read. Segundo Read, muitas pessoas não têm nem ciência de que esse tipo de crueldade está acontecendo, e que não são poupados nem mesmo filhotes ou mães grávidas. Ele acrescenta que não há necessidade de carne nas Ilhas Faroé, e a tradição é usada como justificativa para continuar essa caça.
Olavur Sjudarberg, presidente Faroese Pilot Whale Hunt Association, associação das Ilhas Faroé, voltada para a caça dos golfinhos-piloto, admite que os caçadores cometeram erros realizando a matança, mas que a divulgação das imagens e as redes sociais acabaram atraindo um olhar negativo para uma importante tradição. Na ocasião, os barcos conduziram os animais até a costa de Skalafjordur, onde homens os aguardavam segurando ganchos, facas e lanças como parte da tradição.
As opiniões dos habitantes estão divididas, mas muitos pedem respeito pelas tradições da ilha, onde a pesca tem papel importante. Heri Petersen, integrante de uma das associações responsáveis por esse tipo de caça, diz estar chocado com o que aconteceu. Segundo relato dado ao portal local In.Fo News, os animais ficaram contorcendo-se na praia por muito tempo antes de serem mortos.
Uma lei das Ilhas Faroé, que é um território Dinamarquês, permite a caça de baleias-piloto, golfinho-nariz-de-garrafa, golfinhos-de-bico-branco e botos. Porém, o principal alvo da caça são os golfinhos baleia-piloto. A caça de Faroé não é regulamentada pela Comissão Baleeira Internacional, devido a divergências sobre o poder de controlar essa prática.
Na última década, 8000 baleias e golfinhos foram mortos, segundo documentação coletada pela Sea Shepherd. Mudanças na legislação impediram a instituição de interromper a caça, então a organização lançou uma equipe terrestre para documentar o Grind, utilizando fotógrafos e drones.