Neste 29 de novembro, celebra-se o Dia da Onça-pintada, data criada para lembrar a importância desse grande felino para o equilíbrio dos ecossistemas e para a identidade brasileira. No entanto, em vez de comemoração, o dia reforça um alerta urgente: a onça-pintada (Panthera onca), símbolo de força e resiliência, enfrenta um futuro incerto por causa da destruição do seu habitat, incêndios no Pantanal e caça.
O Pantanal, uma das maiores áreas alagadas do mundo e um dos habitats mais importantes para a espécie, tem sido devastado por incêndios recorrentes, agravados por mudanças climáticas e atividades humanas. Em 2020, por exemplo, cerca de 30% do bioma foi consumido pelo fogo, resultando na morte de centenas de animais e na destruição de áreas cruciais para a sobrevivência da onça-pintada. Estudos mostram que o fogo afeta diretamente a disponibilidade de presas, força os felinos a buscar alimento próximo em áreas habitadas por humanos e aumenta os conflitos entre espécies.
A caça, outro fator crítico, persiste como uma ameaça grave, mesmo sendo proibida por lei. Onças-pintadas são frequentemente alvo de caçadores que veem como ameaça à pecuária ou as consideram troféus. Além disso, o desmatamento para a agropecuária reduz drasticamente as áreas de floresta e savana, obrigando esses animais a percorrer distâncias maiores em busca de alimento e território.
Com estimativas que apontam uma queda populacional de até 50% em algumas regiões nas últimas décadas, a espécie já é esperada como “quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), mas em algumas áreas do Brasil, como a Mata Atlântica, a onça-pintada está praticamente extinta.
Proteger a onça-pintada é garantir a saúde dos ecossistemas que ela habita. Como predador de topo, ela regulamenta a população de outras espécies, evitando desequilíbrios que podem afetar toda a cadeia alimentar. Programas de conservação, como corredores ecológicos e projetos que promovem a coexistência entre pecuaristas e a fauna, são essenciais, mas bloqueiam investimentos e conscientização ampla da sociedade.
Neste Dia da Onça-Pintada, o convite é para uma reflexão coletiva: será que estamos fazendo o suficiente para proteger um dos maiores símbolos de nossa biodiversidade? A extinção da onça-pintada seria uma perda irreparável para o Brasil e para o mundo. Proteger esses animais e seus habitats é um compromisso urgente e necessário para que as gerações futuras possam conhecê-los não apenas como parte de nossa história, mas também como uma presença viva em nossas paisagens.