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Dia Mundial Vegano: comemorando o despertar da consciência animal

1 de novembro de 2011
3 min. de leitura
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No texto anterior publicado nesta coluna, sobre o Dia de São Francisco de Assis, Dia Mundial dos Animais, concluí que se os animais teriam algo a comemorar seria o despertar de parte da humanidade para o veganismo.

O Dia Mundial Vegano, comemorado no dia 1º  de novembro, e já esclarecido aqui na ANDA , é um marco dentro do Movimento de Defesa dos Direitos Animais, pois demonstra a consolidação de uma identidade abolicionista que se contrapõe à linha filosófica tristemente conhecida como Bem-Estar Animal.

Mas hoje não é dia de falar desta falácia, e sim refletir sobre o Dia Mundial Vegano, fruto da busca por coerência numa civilização carente de “consciência animal” (Regan ).

Quando realizamos atividades educativas sobre Direitos Animais, percebemos que a grande maioria das pessoas, quando apresentada ao holocausto animal, não desperta sua consciência animal de imediato. Relutamos, pois a mudança requer que saiamos de nossas zonas de conforto. Das pessoas que conheço, percebo que a mínima parcela está classificada por Regan como “vincianos”, ou seja, aqueles que já nascem com a consciência animal e não a perdem pelo caminho. Aqueles que, desde crianças, ilustrados pela figura de Leonardo da Vinci, se colocam no lugar dos animais não humanos, sofrem e por isso se recusam a compactuar com a violência impregnada nos produtos e serviços de origem animal.

Outro tipo de pessoa que desperta sua consciência animal de forma mais tardia, porém abrupta, são os “damascenos”, termo ilustrado por Regan com a história de Saulo que, quando recebe a revelação, ao entrar em contato com Jesus na cidade de Damasco, converte-se no apóstolo Paulo, defensor da mensagem do Cristo.

Quem dera eu fosse uma vinciana (muitas crianças estão nascendo assim), nem damascena eu sou, ou fui. Assim como a grande maioria das pessoas, faço parte do terceiro grupo de pessoas elencado por Regan, que adere aos Direitos Animais: antes de assimilar a questão do holocausto animal, por certo tempo eu relutei em sair da minha zona de conforto. Não nasci vegana, demorei em reassumir minha consciência animal, ao mergulhar das diversas faces deste holocausto. Essas verdades foram escondidas em minha infância, como na maioria das famílias.

Por isso Tom Regan dedica o seu livro aos relutantes. Porque somos a maioria, consciências animais dormentes, muitas delas propensas a despertar. Mesmo que isso leve tempo.

Por isso creio que o Dia Mundial Vegano é um marco decisivo para a Defesa dos Direitos Animais. Não que tudo se resuma ao veganismo, mas não há como continuar trilhando um caminho pelos Direitos Animais sem ser a mudança que se quer no mundo, sem mostrar nos seu cotidiano que é possível viver de forma maravilhosa sem compactuar com esse estado de coisas sangrento e falacioso.

A existência do Dia Mundial Vegano representa um coletivo que cresce em termos de profundidade de reflexão e ação, um coletivo que precisa admitir sua eterna imperfeição e contradição, como todo humano, mas que tem uma utopia possível que o move: a Libertação Animal. Veganos não são seres iluminados, longe disso, são somente pessoas que despertaram sua consciência animal e não abrem mão dela. Alguns são ativistas, mas nem todos. O sonho vegano seria que um dia o ativismo pelos Direitos Animais não precisasse mais existir. Mas estamos longe disso. Ainda temos muito a avançar.

Portanto, precisamos manter nossas chamas em meio às trevas de uma civilização em crise. E podemos, sim, celebrar a resistência.

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